sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Os Arquétipos contra Golgari

As semanas estão passando e, com o distanciamento do lançamento da coleção, o Standard de Guildas de Ravnica já começa a tomar forma. Alguns eventos de tamanho razoável já aconteceram e com esses dados, aliados aos comentários que os jogadores de todos os níveis de competição estão fazendo, podemos traçar um panorama de como os decks e arquétipos estão se posicionando agora que já foi dada a largada para a competição.

Comecemos de uma vez com o deck dominante, que nestas poucas semanas tem mostrado resultados expressivos em série, consolidando seu poder e lugar no topo do formato, e onde Vraska mostra que está erguendo sua guilda não somente na história do set.

O Reinado Midrange

 

O Golgari Midrange conta com cartas extremamente poderosas como a própria Vraska, Rainha Golgari e a carta mais comentada na temporada de previews, tida até mesmo como uma das melhores remoções de todos os tempos, Troféu do Assassino. No entanto não é aí que reside a força do deck, tanto que ele apresenta apenas limitadas cópias dessas duas cartas.

Como esperado de um deck Midrange, o Golgari deve sua alta performance ao seu pacote de criaturas, que geram valor em quase qualquer etapa do jogo e contra quase qualquer oponente, seja qual for o deck. Contra as estratégias agressivas as criaturas se tornam excelentes bloqueadoras, que, aliadas às remoções, populam seu campo de batalha em relação ao do oponente, inviabilizando ataques e o afogando no late-game. Contra as estratégias mais alinhadas ao papel de controlar o jogo as mesmas criaturas brilham em seu papel de obter vantagem de cartas, mantendo esse recurso emparelhado com o oponente, e sempre punindo o adversário com ataques que inevitavelmente finalizarão o jogo.

O deck só melhora após o sideboard, ganhando acesso a cartas de alto impacto, como Coagir, para as partidas contra Control, e Momento de Avidez, para as partidas Aggros. E ganha acesso a essas cartas sem perder seu núcleo que já é muito forte e resiliente contra essas estratégias.

Assim o deck chegou ao topo, conseguindo inúmeros 5-0s no MTGO e também muitas campanhas vitoriosas nos Torneios Classificatórios para Pro Tour, os PTQs, especialmente o de 13 de Outubro, quando colocou 13 pilotos com pelo menos 6 vitórias nas listas publicadas do evento, incluindo entre eles quatro dos seis competidores com performance 8-1 e o único jogador a terminar o torneio invicto.

Esses são resultados muito impressionantes no começo do Standard e são o suficiente para garantir que o deck desfrute de sua posição por algum tempo. Porém não se sabe até quando este reinado durará, pois quando se está no topo do formato os outros decks começam a se adaptar rapidamente para tirá-lo desta posição.

Aggro Voando por Baixo

 

Como um resultado do domínio Golgari os decks Aggro foram incentivados a baixar sua curva de mana ao mesmo tempo que mantinham a consistência das ameaças apresentadas, de modo a oferecer real perigo de ganhar o jogo o mais cedo possível.

A missão foi mais fácil para o Mono-Red Aggro, herdeiro do RB-Aggro que assolou o Standard por um grande período pré-rotação. Manteve-se o núcleo de burn do deck, com Choque, Golpe Relampejante e Relâmpago do Mago, e várias das boas criaturas ofensivas, Corredor de Lava Ghitu, o famigerado Goblin Lança-Correntes e a excelente recursividade de Fênix Reavivante, mas como isso obviamente não é suficiente o deck estava sedento por novidades e encontrou algumas.

No núcleo de mágicas o deck recebeu a nova carta punidora Fator de Risco, que, como você pôde ler aqui, se encaixa muito bem com as ambições do deck. Para o núcleo de criaturas o deck deu boas vindas à Vapóreo em Fuga, que neste deck se transforma rapidamente em um 4/4 por apenas 2 de mana, que ainda alimenta as jogadas futuras. A maior adição ao deck no entanto se deu na forma de um encantamento, Frenesi Experimental, que neste deck pode render duas, três ou até quatro cartas extras por turno.

Com toda essa velocidade e ímpeto o deck foi muito bem representado no SCG Aberto de Equipes em Columbus e obteve o terceiro lugar no SCG Standard Classic do mesmo evento, além de continuar popular no MTGO.


Outro deck Aggro que tentou preencher o vazio gerado pela rotação foi o Boros Anjos. O deck que já contava com poderosas representantes tribais, Shalai, Lyra e Anjo Resplandescente, e também não tribais, História de Benália, conseguiu abaixar sua curva com a adição de dois drops-2 flexíveis, Vanguarda de Adanto, que tem ótimas interações graças à sua habilidade de ficar indestrutível, e Cavaleira da Graça, que se aproveita muito bem de sua resistência à magia preta.

Além disso o deck ganhou acesso a mais um poderosíssimo anjo em Aurelia, Exemplo da Justiça, que com Mentor fortalece cada ataque e com sua segunda habilidade pode receber e dar Vigilância a suas companheiras, o que permite que os ataques não comprometam a defesa. Outra novidade do deck é Clarim Ensurdecedor, que neste deck é mais que um substituto a Sóis Escaldantes, já que o Vínculo com a Vida pode ser muito relevante.

Mantendo essa flexibilidade entre ataque e defesam, tão cara ao Golgari Midrange, o Boros Anjos faturou o primeiro lugar no SCG Standard Classic de Columbus e também no SCG Standard IQ de Bristol.

Control Passando por Cima

 

A resposta do Control ao Midrange foi tentar responder a todas as suas ameaças e finalizar o jogo com uma ameaça própria que o oponente não pode responder. Uma maneira de fazer isso é com forte disrupção, contra-mágicas e finalizadores, na forma de planinautas e criaturas, mais comumente Dragões neste Standard.

Embora seja a convergência entre as combinações de cores de Dimir e Izzet, o Grixis Control basicamente despreza as cartas oferecidas por esta última, e também os planinautas, mas compensa abusando de cartas mais focadas em atrasar o plano de jogo do oponente, como Dissolução de Pensamento, e algumas remoções pontuais, como Desprezo de Vaska, ou mais gerais, como Ritual da Fuligem, que aqui aparece no deck principal. Para finalizar o jogo o deck conta com criaturas que acabam servindo duas funções ao novamente atrasar o jogo do oponente. São elas o poderoso Dragão Ancião Nicol Bolas e Devorador de Sonhos, que foi muito comparado ao Mecanotitã Torrencial, embora exerça um papel distinto por sua habilidade.

Considerada uma das cartas mais poderosas dos últimos Standards, Teferi, Herói de Dominária, não poderia ficar de fora deste novo formato, e aparece novamente como a carta pivotal dos decks de controle mais populares, como o Esper Control, que é basicamente um deck Dimir com splashs para os finalizadores Teferi e outro Dragão Ancião, Chromium, facilitados pelas Shock-lands. Embora tenha um pacote de remoções e até de contra-mágicas muito similar, o deck vai por uma rota diferente do Grixis, focando suas ações mais nessas últimas, com a inclusão de Sabotagem Sinistra, e usando da vantagem de cartas fornecida por Visão da Quimiomante.

No entanto o deck mais popular do arquétipo tem sido mesmo a outra casa de Teferi, o Jeskai Control. Nessa combinação de cores perde-se o acesso às valiosas remoções pretas, mas os decks Jeskai são favorecidos pelos terrenos do formato, o que já é um fator compensador. Além disso, o deck têm um acesso muito mais fácil às remoções brancas do que as combinações Esper ou Azorius teriam, então pode fazer um belo uso de cartas como Nova Purificadora, Assentar nos Destroços e Aprisionamento de Ixalan.

O deck também recebe um sem fim de outras cartas muito poderosas, como as remoções Boros, a exemplo da já citada Clarim Ensurdecedor e também de  Golpe da Justiça, e as remoções vermelhas, como Hélice da Lava e Golpe Relampejante. Nas contra-mágicas o deck recebe Ionizar, e nos finalizadores Teferi pode ser apoiado por Ral, Vice-Rei Izzet, Niv-Mizzet, Parun, e até por Dragonete Fagulhante. Juntando todas essas cartas o deck desponta como aquele que apresenta as melhores reações aos decks adversários além das melhores maneiras de finalizar o jogo entre os decks de controle.

Um último aspecto interessante do Jeskai Control é o aparecimento de um elemento de deck Combo, arquétipo que sofreu muito com a rotação e ainda não se estabeleceu com a chegada a Ravnica. A interação entre Expansão//Explosão e Portal de Azor dão ao deck dois bons mecanismos de vantagens de cartas, quando usados separadamente, e uma condição de vitória inesperada quando usados em conjunto. Mesmo que se conjure Explosão para valores não letais o valor gerado é tão grande que te coloca muitos passos mais próximos da vitória.

Passos Futuros


Esses são apenas os primeiros movimentos que os arquétipos fazem para destronar o Golgari Midrange e seus frutos serão colhidos nas próximas semanas. Golgari, por sua vez também têm suas escolhas a fazer, caso sua força não seja suficiente para segurar sua posição. Uma delas seria a adição de uma outra cor ao deck, e Sultai e Abzan já estão preparados para assumir o posto.

Enquanto isso outros decks lutam para subir ao topo do formato, como Selesnya Tokens, Mono-White Aggro e Izzet Spells. Alguns deles já são populares e necessitam de bons resultados para se provar e outros ainda que estão começando a chamar a atenção de jogadores. O que sabemos é que todos esses decks irão ser cada vez mais refinados a cada semana e a cada torneio enquanto buscam a condição de melhor deck do Standard de Guildas de Ravnica.

Estamos avançando nesse novo Standard e vários decks estão aparecendo e alguns se estabelecendo. Qual o seu deck favorito até agora? E contra qual você menos gosta de jogar contra? Qual dos arquétipos é o melhor? E qual deck vai ficar por cima no final? Sinta-se livre para usar nossa seção de comentários. Obrigado pela leitura.

Thiago Santos

Nenhum comentário:

Postar um comentário