sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Ano de Lançamentos - Parte 2

Como vocês sabem, 2016 foi um ano recheado de lançamentos no Magic. Entre os sets regulares e produtos adicionais, 9 coleções ganharam os decks e as mesas dos jogadores este ano. Já comentamos os lançamentos da primeira metade do ano aqui, agora vamos fechar com a segunda parte, cobrindo todo o segundo semestre, que condensou a maior parte desses lançamentos.

Começamos em julho com o lançamento da segunda coleção do bloco de retorno à Innistrad, Lua Arcana, e seu Pro Tour. A coleção chegou com novas formas Eldrazi de transformar as cartas. A parte da frente continha o símbolo {Eldritch moon symbol} e a parte de trás o símbolo {Emrakul symbol}, indicando que a carta agora fazia parte da ninhada Eldrazi. Somente uma carta, Ulrich da Krallenhorde/Ulrich, Alfa Incontestado usou os tradicionais Sol e Lua para indicar transformação neste set. Mas as mudanças não vieram somente nos símbolos de transformação. Uma forma totalmente nova de transformar, e também combinar, as cartas foi lançada na mecânica Fundir.

Guarnição de Hanweir e Ameias de Hanweir se fundem em Hanweir, a Cidade Contorcida.
O Pro Tour da coleção encerrou os PTs na temporada 2015-2016 e teve como destaques as mecânicas Delírio e Emergir, ambas impulsionadas pela força da nova Emrakul. O campeão do torneio foi o tcheco Lucas Blohon.

Seguindo o calendário, em agosto temos o lançamento de duas coleções. A primeira foi From the Vault: Lore, nona coleção da série From the Vault. O set foi centrado em cartas do Magic que se destacavam tanto por seu poder tanto por sua história e continha 15 cartas.

A segunda coleção do mês foi Conspiracy: Take the Crown, lançada dois anos depois de Conspiracy e dando sequência à sua história. Segundo set suplementar do ano, Take the Crown se focava no Draft Conspiracy, mas suas 221 cartas também são legais em Vintage, Legacy e Commander. A mecânica Monarca e a nova planinauta Kaya, Ghost Assassin foram os grandes destaques da coleção.

Setembro começou com o Mundial de Magic 2016, no qual os 24 melhores jogadores de Magic na temporada 2015-2016 disputaram o título de campeão do mundo. O campeonato, que apresentava tanto Draft, tanto Standard, tanto Modern, foi decidido entre mestres, cabendo ao Mestre dos Grand Prixes, Brian Bran-Duin, o título.

Já para o final do mês, e o começo de Outubro, temos o lançamento da última coleção regular de 2016, abrindo o bloco, Kaladesh, e seu Pro Tour. Um plano com poucos magos naturais e onde os trabalhos que em outros lugares seriam feitos com magia são feitos por dispositivos. Essa é a descrição de Kaladesh, que justifica muito bem a infinidade de artefatos no set. Mas mesmo num set no qual podemos literalmente Tripular veículos o grande destaque de Kaladesh fica com Energia, um novo recurso no Magic, que representa o Éter.

O PT Kaladesh marcou um retorno do Controle quando todos esperavam que o Metagame fosse o mais agressivo possível, muito graças aos decks de Energia recém criados. Estreando um novo sistema de enfrentamentos o Top 8 do campeonato foi muito diverso em nacionalidades, e quem levou a taça para casa foi o japonês Shota Yasooka.

Em novembro tivemos mais dois produtos lançados, começando com Commander 2016, pela primeira vez traduzido para Português. O set nos apresentou cinco decks com comandantes de 4 cores, cada um centrado em um tema:
  • {W}{U}{B}{R} "Artifício" ("Artefatos Importam!")
  • {U}{B}{R}{G} "Caos" (Efeitos Randômics)
  • {B}{R}{G}{W} "Aggressão" (Aggro)
  • {R}{G}{W}{U} "Altruismo" (Group Hug)
  • {G}{W}{U}{B} "Crescimento" (Marcadores +1/+1)

Além disso também foram lançados comandantes de duas cores com a mecânica Parceiro, que te permite ter dois comandantes.

Reyhan, Última dos AbzanTana, a Semeadora de Sangue

No meio do mês tivemos a Copa do Mundo de Magic 2016, o evento para os jogadores de Modern ficarem atentos, com 73 selecionados nacionais disputando o título. O Brasil terminou em 52° e a campeã foi a Grécia pilotando os decks Infect, Dredge e Abzan. Você pode ler mais aqui.

E finalmente, finalizando o ano, Planechase Antology é a última coleção lançada. O produto reúne tudo o que foi lançado nas coleções Planechase anteriores com os quatro decks de Planechase 2012, e as 86 cartas de Plano, 40 de Planechase 2009, 32 Planos mais os 8 Fenômenos de Planechase 2012, mais 6 cartas Plano promocionais.

Com certeza muitas coisas foram lançadas e praticamente todos os gostos foram atendidos em 2016. De campenatos a coleções a Wizards tentou trazer mais diversidade para os seus produtos.

Quais dessas coleções foi a melhor? Qual o melhor set regular? E suplementar? Você conseguiu ter acesso a todos esses lançamentos? Sinta-se livre para usar nossa seção de comentários. Obrigado pela leitura.

Thiago Santos

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Copa do Mundo de Magic 2016

73 países competindo pelo título, mas apenas um pode ser sagrado o Campeão da Copa do Mundo de Magic: the Gathering 2016, levando para casa a premiação de U$48.000 e a exposição que apenas eventos desse porte podem fornecer. Isso foi o que aconteceu semana passada no Magic.

Esse com certeza é o campeonato mais difícil de assistir e entender, mas também é um dos mais divertidos. Para começar é uma competição por equipes, normalmente formadas por 4 jogadores, o jogador com mais Pro Points na temporada 2015-2016 mais os vencedores dos três qualificatórios para a Copa do Mundo de cada país. O Brasil foi representado por Paulo Victor Damo da Rosa, classificado pelos Pro Points, Patrick Fernandes, Alex Rodrigues e Thiago Saporito, classificados pelos torneios classificatórios.
Paulo Vitor Damo da Rosa
A Equipe Brazil

Outro ponto que pode gerar uma pequena confusão é o formato principal do evento: Modern Unificado por Equipes. Obviamente, o formato usa o acervo do Modern e, com exceção dos terrenos básicos, decks da mesma equipe não podem usar uma mesma carta. Embora as equipes tenham por padrão 4 jogadores, apenas 3 se enfrentam na mesa, o quarto fica com a função de técnico e pode se comunicar com seus parceiros durante as partidas (a posição de cada jogador é definida antes de cada etapa e não pode ser mudada durante os jogos). Por fim, as equipes se enfrentam num 3x3 e a equipe que vencer mais partidas vence o duelo.

Mesmo com o Modern sendo o principal formato a nova coleção tem que ser mostrada e é assim que a competição começa na Fase 1 do Dia 1 com três rodadas de Selado por Equipes de Kaladesh. Cada equipe tinha a sua diposição 12 boosters de Kaladesh para construir os 3 decks que usariam, mas isso foi tudo o que se viu da coleção no fim de semana.

A Fase 2 do Dia 1 nos trazia o que queríamos ver realmente, Modern jogado nas mesas. O Metagame da competição trouxe o Infect na ponta com 36 jogadores (16,5% dos jogadores). O único outro deck a ficar acima dos 10% foi a sensação mais recente do Modern, o Dredge, com 14,2% (31 jogadores). Seguindo para fechar os cinco decks mais jogados tivemos Affinity  com 8,7% (19 jogadores), Abzan, 7,8% (17 jogadores), e RG Valakut, 7,3% (16 jogadores). As equipes se enfrentaram em 4 rodadas, sendo que apenas as 48 melhores se classificavam para o Dia 2. O Brasil se despediu da competição nesta mesma fase.

O Dia 2 começa com a Fase 1, que tinha duas etapas. Na primeira, rodada 1, as Top 16 equipes do Dia 1 tem bye e as restantes se enfrentam em chaves de eliminação-única (perdeu está fora). Na segunda fase, rodadas 2 a 4, as sobreviventes mais o Top 16 disputavam em eliminação-dupla (perdeu duas está fora) e finalmente estavam prontas para a Fase 2, de 3 rodadas. Na Fase 2 as equipes foram separadas em grupos de 4 equipes e também disputaram as vagas no Top 8 da competição por um sistema de eliminação-dupla.

Antes de chegar ao Top 8 vamos dar uma olhada no Metagame das Top 16 equipes do torneio. Havia infinitas configurações de decks para cada equipe escolher, mas a maioria caiu num mesmo padrão que foi o seguinte: o primeiro era um deck com Nexo de Mosco-tintas (sim, esse é o nome da Inkmoth em PT-BR), que seria Affinity ou Infect; o segundo um deck com Solo Pisoteado ou Raio, como o Naya Burn ou o Dredge é; e o terceiro, mais variável, acabava caindo com Bant Eldrazi ou Abzan. Mas qual a melhor configuração? As mais populares foram Infect/Dredge/Abzan e Infect/Dredge/Lantern Control, sendo que a versão com Lantern Control teve recorde de 44% de vitórias e a com Abzan 57%. E esse é exatamente o gancho que precisamos para voltar ao Top 8.

O Top 8 Copa do Mundo de Magic: the Gathering 2016 foi finalmente conhecido ao final do Dia 2, parabéns merecidos às equipes que conseguiram a classificação e foram recompensadas com o convite para disputarem o PT Revolução de Éter! A configuração ficou, em ordem de classificação, com  to Bélgica, Finlândia, Grécia, Austrália, Itália, Ucrânia, Belarus, e Panamá.

A Grécia estava usando aquela configuração que falamos antes, Infect/Dredge/Abzan, e mostrou que, pelo menos no domingo, aquela era sim a melhor configuração do formato, ganhando de 2-0 de suas adversárias Ucrânia e Belarus em seu caminho para a final. O mesmo fez a Bélgica contra Panamá e Itália usando a configuração Infect/Naya Burn/Goryo's Vengeance. Na final as duas equipes se enfrentaram e os gregos se saíram melhor, sagrando-se Campeõs da Copa do Mundo por um placar de 2-0.
A vitória, as taças e as premiações acabaram nas mãos dos gregos!

E isso totaliza a Copa do Mundo de Magic 2016, com a Grécia, que sempre foi uma grande equipe nas Copas do Mundo, na posição mais alta. O que você achou do evento? Do Modern Unificado por Equipes? Da Equipe Brasil, que finalizou a competição e 52°? Sinta-se livre para usar nossa seção de comentários. Obrigado pela leitura.

Não mais Thiago Metralha, agora Thiago Santos.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Outros Valores em Commander 2016

O spoiler completo de Commander 2016, a nossa próxima coleção de Commander, que dessa vez contará com comandantes de 4 cores, já está disponível e estamos há uma semana apenas do lançamento. Embora seja conhecida por seus muitos reprints, alguns já de praxe como o Anel Solar (pela primeira vez sendo lançado em português), outros mais notáveis, como o Lodo Necrófago, nos interessamos mesmo é por novidade e a coleção traz muitas novas cartas para o acervo Eterno, sendo válidas no Commander, Legacy ou Vintage.

Numa primeira olhada uma mecânica que me chamou atenção imediatamente foi Inabalável. No early game, quando se tem menos mana disponível e todo mundo ainda está vivo, ela custa menos para ser conjurada e normalmente tem um grande impacto no jogo. No late game ela custa mais para ser conjurada, mas é esperado que você já tenha pilhas de terrenos, não sendo isso um grande problema, e mantém seu valor, já que provavelmente você estará lidando com ameaças muito maiores neste estágio. Essa variação no custo ao longo do jogo foi muito bem desenvolvida e pode até mudar sua forma de jogar, mantendo todo mundo vivo pelo máximo de tempo, por exemplo.

Além disso, a mecânica em si é um passo e uma conquista grande e muito bem recebida para o Desenvolvimento e Design. É uma forma perfeita de introduzir cartas que são fortes e expressivas no multiplayer sem criar problemas em níveis de poder para o Legacy, Vintage, etc. As cartas com Inabalável são praticamente injogáveis no Construído, mas será que precisamos de outra destruição global nestes formatos? Se for só para destruir, não realmente, já estamos bem servidos.
Cataclismo CosteiroExalação Sublime

Há outros exemplos de cartas que se comportam dessa maneira (muito ruins no Construído, mas boas no multiplayer) na coleção. Uma outra que eu destaco é Entretenimento Cruel. Controlar o turno do oponente é  algo muito legal, mas a confusão de fazer dois oponentes controlarem um ao outro é irresistível. Além disso, no 1x1 você acabaria dando seu turno para o oponente, o que não é exatamente ideal.
Entretenimento Cruel

Mas continuar falando de cartas que são boas no Commander é muito óbvio numa coleção de Commander, então vamos ver o que há de bom para quem joga os formatos Eternos. Bom, o nível de poder destes formatos é imenso, afinal o acervo contém quase tudo já lançado, de forma que impactar o formato, até um deck, não é exatamente fácil. No entanto há sim algumas cartas que podem valer pelo menos uma observação.

O Legacy é um formato lotado de equipamentos valiosos e todos conhecem os Místicos Litoforjadores  que estão aí para se aproveitar disso. Além dessa óbvia utilização, há muitos outros decks que colocam equipamentos em suas listas, como faz o próprio Eldrazi Aggro, que emprega o Jitte de Umezawa. Então, já que equipamentos são tão legais o que você poderia fazer melhor do que roubálos do oponente em velocidade instantânea? É exatamente isso que Garras da Phyresis te propõe a fazer. Roubar cartas no Magic sempre foi um modo de ganhar tempo e vantagem em cartas e não é diferente quando o alvo é um equipamento. Esse efeito pode tanto salvar sua vida de um ataque letal como ganhar o jogo para você (num ataque letal seu). Obviamente você não deve colocá-la no seu maindeck, mas, ao enfrentar um Metagame recheado de equipamentos, ocupar com ela alguns espaços de seu sideboard pode fazer a diferença.
Garras da PhyresisMangual do Conquistador

No entanto, há um equipamento que, no mínimo, acaba com o perigo de ser roubado no seu turno e este é o Mangual do Conquistador. Além de fortalecer a criatura equipada ele vai te proteger de um imenso número de ameaças que vão desde as Garras, passando pelas remoções, pelas anulações e chegando a combos instantâneos. O impacto de não deixar o oponente jogar no seu turno é muito óbvio e a carta obtém valor máximo em decks multicoloridos e com criaturas híbridas, como o Xamã do Ritual Mortífero. Imaginar um 4C Stoneforge figurando o Mangual não é um absurdo.

Finalizando, uma nova carta da coleção que continua um dos meus ciclos favoritos em todo o Magic é o Magus da Vontade. Esse Magus vem com o efeito da Determinação de Yawgmoth, que é banida no Legacy e restrita no Vintage, e, no total, custa o dobro de mana e fica atrasado em um turno. Mesmo assim o efeito é bom demais para simplesmente desprezar, além do fato de que ser uma criatura pode ser na verdade uma vantagem para o Magus, que pode ser tutorado desta forma. Adicionalmente, uma combinação com Cova Rasa e mana abundante, o que não é difícil de obter, nos dá a tranquilidade de não nos preocuparnos se o Magus morrer. De fato, esta pode ser uma grande adição para os decks que jogam com o cemitério.
Magus da VontadeDeterminação de Yawgmoth

E esses são os destaques que eu dou às cartas novas de Commander 2016 que, além de cumprirem seu papel no Commander, têm valores outros para o jogo. Nenhuma palavra sobre os comandantes Parceiros? Nenhuma. 

O que você achou dessa nova coleção? Vai comprar algum dos decks? Qual o melhor dos novos comandantes? E o melhor reprint? Sinta-se livre para usar nossa seção de comentários. Obrigado pela leitura.

Thiago Metralha

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Redenção e Preços

Nas últimas semanas, além dos torneios, incluindo o PT, e da inauguração do novo Standard, tivemos mudanças grandes e significantes para o Magic como jogo em si, tanto no papel quanto na plataforma online MTGO. Uma das mudanças anunciadas foi a volta da rotação anual ao formato Standard, um passo atrás que a Wizards deu tentando ouvir a comunidade em geral desta vez e não somente os Pro Players. No entanto é sobre a segunda mudança que se trata o artigo de hoje, um corte massivo no tempo de redenção do Magic Online.

Para quem não está familiarizado, no Magic Online há um mecanismo que te permite trocar um set inteiro de cartas virtuais por um set inteiro de cartas reais (de papel) e esse mecanismo é chamado redenção (tradução livre de redemption). Esse mecanismo foi desenvolvido nos primórdios da plataforma para dar às pessoas confiança para investir em cartas virtuais quando ainda não se era comum gastar seu dinheiro online, já que, com a redenção, você poderia resgatar esse investimento caso quisesse. O tempo em que se pode utilizar esse mecanismo é que foi alterado.

O artigo completo para a mudança pode ser visto aqui e diz que cada set de Magic só poderá ser redimido até a data do começo do período de rotação da primeira coleção do bloco seguinte. Para o bloco de Kaladesh, por exemplo, a redenção da primeira coleção começa 30 dias após o lançamento da coleção no MTGO, o tempo padrão, e o mesmo ocorrerá com Revolução de Éter. Quando a redenção para Amonkhet começar, primeira coleção do próximo bloco, tanto Kaladesh quanto Revolução de Éter não poderão mais ser redimíveis.

O caso é que, no sistema antigo, cada set era redimível por mais ou menos 3 anos inteiros, algumas vezes esse tempo chegava a até um ano depois de que o set já tinha rodado do Standard. Por exemplo, a maioria dos sets do bloco de Tarkir ainda poderiam ser redimidos este mês, mas Kaladesh só poderá ser redimida até abril, quando Amonkhet será lançada, e Revolução de Éter, que ainda nem foi lançada, também. Isso nos dá cerca de 7 meses para redimir Kaladesh e míseros 2 meses e meio para redimir Revolução de Éter.

E como diabos essa mudança afeta os preços? De duas formas bem distintas mas interligadas. Uma no próprio Magic Online e outra, acredite, no Magic de papel.

Há estimativas que dizem que o mecanismo de redenção é responsável por 50% do preço das cartas legais no Standard no MTGO, ou seja, se eliminássemos a redenção de uma vez por todas, o preço das cartas cairia pela metade, e isso era aceitável até agora, já que a redenção ia até depois das rotações e, para maximizar o lucro, os jogadores vendiam suas cartas antes disso. No novo sistema é mais provável que tenhamos uma queda grande de preço no fim dos períodos de redenção, que ocorrem no meio de um Standard.

Mas queda de preço não é algo bom? Bem, vejamos. Imagine que você quer um set de uma carta da recente coleção, vamos dizer o Mecanotitã Torrencial. Você pagaria por ele hoje cerca de 43 tix e espera que esse preço não mude abruptamente enquanto ele for legal. No antigo sistema você compraria ele, jogaria com ele por vários Standards e, próximo à rotação, você o vendia por cerca de 35 tix que o ajudariam a comprar as cartas para seu próximo deck. No novo sistema, em abril seu set deve perder metade de seu valor, e, quando você for vendê-lo vai receber apenas 17 tix por ele, o que significa gastar mais dinheiro para fazer seu próximo deck Standard. Ou seja, com a nova regra de redenção é esperado que sua coleção perca valor no meio do Standard e que você gaste mais dinheiro quando a rotação chegar.

O Magic de papel, embora não seja tão óbvio, também é afetado pela mudança. Não dá para dizer com certeza quantos sets de Magic são redimidos, a Wizards não libera esses números, mas estima-se que são por volta de 2000 sets por semana. Em termos de booster boxes, cada redenção aumenta a oferta de Míticas da mesma forma que abrir 3.3 boxes (uma média de 4.5 míticas em uma box para 15 em uma redenção de Kaladesh) e de Raras em 1.68 boxes (31.5 raras em boxes, 53 raras numa redenção). Fazendo uma conta tomando essa média de 2000 redenções por semana, um mês a menos de redenção diminui a oferta de Míticas em cerca de 28000 boxes, e de raras em cerca de 15000 boxes. Por mês. Esse número é absurdo. É MUITA CARTA. E, com tudo isso a menos no mercado o preço das cartas tende a subir, e não há Masterpiece que abaixe. Mesmo que você considere que o Brasil não é um mercado enorme para o MTGO, de forma que a redenção não é tão importante no nosso mercado, os preços nos EUA afetam os preços daqui para lojas e também jogadores (SCG * 2,5?).

Além disso, a redenção também era uma válvula de escape para os preços quando já se parou de abrir boxes. Pense que ninguém deve estar abrindo boxes de Batalha por Zendikar agora, é um set que já foi lançado há muito tempo. Se uma de suas cartas, vamos dizer o Gideon, Aliado de Zendikar, tivesse um súbito pulo no preço agora, como ocorreu com Jace, Prodígio de Vryn, como eu coloco cartas no mercado, para abaixar o preço? A resposta é redenção. As pessoas, e as lojas, passariam a redimir seus sets de BFZ para lucrar, e, com a  maior oferta o preço tenderia a baixar. Se já estivéssemos de acordo com a nova regra de redenção, isso não seria possível desde abril.

É interessante notar que a Wizards vinha numa toada de deixar o Standard mais barato e o MTGO mais simples, mas essa mudança vai simplesmente na contramão desse pensamento, possívelmente aumentando os preços do Standard no papel e complicando a forma de manter suas coleções no MTGO. Essa é mais uma mudança que teremos de aguardar para ver os resultados.

E você, já usou o mecanismo de redenção alguma vez? Sabia que ele existia? O que acha das mudanças, tanto na rotação quanto na redenção? Sinta-se livre para usar nossa seção de comentários. Obrigado pela leitura.

Thiago Metralha

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Pro Tour sob Controle

Todo mundo deve estar sabendo que semana passada rolou o Pro Tour Kaladesh e, como é de se esperar, hoje trazemos um breve resumo do que aconteceu no evento, que foi sediado em Honolulu, Havaí, e trouxe algumas novidades.

Para começar, podemos separar os decks do Dia 1 em três grandes categorias: os decks que estão buscando uma vitória rápida, no turno 4; os decks que estão tentando vencer com suas criaturas no turno 5, esperando que possam parar os decks de turno 4 ou que eles deem azar; e, finalmente, mas de forma alguma menos importantes, os decks controle. 

Olhando os decks mais jogados desde o Dia 1, caímos em 7 grandes decks, número bem alto. O primeiro e o mais jogado deles tem, aos olhos de muitos profissionais, inclusive de LSV durante a cobertura, o potencial de ser o melhor deck deste Standard. O Aetherworks começou com cerca de 18% do campo e conseguiu converter  55 de seus 82 (67,1%) jogadores para o Dia 2, uma das melhores taxas de conversão. No entanto, ainda falta ao deck estabilidade e consistência, e, no Metagame do Dia 2, com uma abundância de decks controle, o deck não foi tão bem e somente um de seus jogadores fez campanha com 8 vitórias.

O segundo deck mais jogado foi o conhecido GB Delírio, com 11,8% do campo, que fez uma campanha confusa no PT. Teve a pior taxa de conversão entre os decks mais jogados (54,4%) e ficou abaixo da média em cada um dos pontos. Não dá para saber se foi uma má performance no Limitado ou se o deck estava mesmo mal adaptado ao campo, teremos que esperar os próximos campeonatos.

Caindo agora para os decks com menos de 10% do campo temos dois BR (Rakdos, para os familiares) com estratégias diferentes. O BR Aggro apostou nas criaturas e teve 8,2% dos jogadores, convertendo 60,5% deles para o dia, com uma performance levemente abaixo da média. Já o BR Madness apostou na loucura e foi o deck com a melhor performance de Dia 1, conversão de incríveis 70,4% de seus modestos 4,5% de meta. O problema com o deck também foi a consistência, já que, embora tenha colocado uma porcentagem considerável de jogadores nas 7 vitórias, ficou bem abaixo da média nas campanhas de 6 vitórias. Com ele foi brilhar ou ser esmagado.

WR Veículos é um deck novinho saído de Kaladesh que foi muito bem no campeonato. O quinto deck mais jogado, converteu um ótimo número de jogadores (69%) e teve uma boa quantia deles com uma sólida campanha de 6 vitórias. Embora não tenha tido muitas campanhas no topo, o deck conseguiu uma vaga no Top 8, o que significa muito mais tempo de tela para mostrar o potencial.

Outro arquétipo de Kaladesh presente foi o de Energia, bem representado nas construções GR, que buscavam finalizar o jogo rapidamente com vários pump-spells no Esmurrador Eletrostático. Embora tenha ficado apenas na média, ver uma criatura batendo 40/40 no turno 4 adicionado ao hype que o deck já tinha no MTGO deve manter o deck na superfície nas próximas semanas no mínimo, mesmo que ele não tenha bons resultados.

Para finalizar e já fazer o gancho para o Top 8 temos o Jeskai Control, deck escolhido pelo brasileiro Carlos Romão. O deck em câmera não deu show e às vezes parecia perdido, descendo Dovin Baan's só para vê-los morrer em seguida, mas, de fato, dos decks mais jogados, ele teve a melhor performance, mesmo com uma taxa de conversão baixa. 44% de seus jogadores ficaram com no mínimo 6 vitórias e 16% ficou acima das 7 e 8 vitórias com Romão cravado no Top 8. Quem achou que o controle ia estar desfavorecido no Meta de Kaladesh errou, e isso é ainda mais verdade se os decks Aetherworks e Pummeler continuarem a brilhar, afinal o que melhor que um controle para parar um combo?

O corte para o Top 8 foi bem diverso, 8 decks diferentes, 7 nacionalidades diferentes, entre eles, é claro, Carlos Romão, que vinha embalado como campeão de Grand Prix. E a grande novidade deste Top 8 foi o novo sistema de enfrentamentos, que visa diminuir os empates intencionais nas partidas finais do Suíço Construído. Os que se classificam em 1º e 2º só entram nas semifinais, e os 3º e 4º só na segunda fase de quartas de finais. Se classificaram os seguintes jogadores nas seguintes posições e pilotando os seguintes decks: 1º Makis, Matsoukas (RW Tokens) [Grécia]; 2º Shota Yasooka (Grixis Control) [Japão]; 3º Pierre Dagen (UR Spells) [França]; 4º Matt Nass (Temur Aetherwoks) [EUA]; 5º Carlos Romão (Jeskai Control) [Brasil]; 6º Ben Hull (WR Veículos) [Canadá]; 7º Lee Shi Tian (Mardu Veículos) [Hong Kong]; e 8º Joey Manner (WU Flash) [EUA].

Confrontos até a semifinal.
A última vez que Romão (ou Jabaiano, como preferirem) tinha chegado a um domingo de Top 8 num evento de tamanho de PT tinha sido há quase 15 anos atrás, mas nessa temporada ele voltou afiadíssimo, conhecendo muito bem o Meta e os decks que pilota e jogando sempre num nível muito alto, digno de suas conquistas. Como se classificou em 5º, ele era um dos que tinha o caminho mais longo até o título e começou sua jornada enfrentando Joey Manner, de quem venceu por 3-1. O segundo confronto foi contra o outro estadunidense do Top 8, Matt Nass, que Romão seubjugou por 3-0. A semifinal lhe reservou confronto contra o 1º do Suíço, o grego Matsoukas, que também foi derrotado por 3-1. É isso aí, Brasil na final.

O confronto final do PT foi entre Yasooka, atual melhor jogador da Ásia, com certeza um dos melhores profissionais de Magic e um mestre em controle. Uma partida mirror, controle vs controle, entre talvez os melhores jogadores de controle deste Standard. As partidas foram apertadas, como sempre são nesse nível de jogo, mas quem se sagrou o campeão do PT Kaladesh foi mesmo o japonês Shota Yasooka, cabendo ao brasileiro Carlos Romão o vice campeonato.

Uma bela taça ganhou Shota Yasooka.
E isso, somado e resumido, foi o que aconteceu no grande evento de Magic da semana passada, o Pro Tour Kaladesh. Você assistiu? Torceu pro Jabaiano ou pro Yassoka? O que achou do LSV na cobertura? Sinta-se livre para usar nossa seção de comentários. Obrigado pela leitura.

Thiago Metralha

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Chegue Batendo

É hoje o lançamento oficial de Kaladesh, logo, inauguramos de vez esse novo Standard. Estamos na Semana 1! Escolher decks para a semana 1 é sempre uma decisão complicada, ainda mais com sets de rotação, caso de Kaladesh. Você deveria jogar com decks conhecidos do último formato ou uma construção nova? Qual arquétipo estará melhor posicionado no futuro Metagame? Devo me preocupar mais com early, mid ou late-game? Todas essas são questões que podem, e devem, vir à mente nessa hora.

Uma saída simples para tomar essa decisão é partir para o básico e pegar uma construção agressiva. É básico porque é a forma mais comum de derrotar o oponente - arremessando suas criaturas nele sem parar até que a vida chegue a zero - e é simples porque o Standard vem favorecendo muito as criaturas, de forma que não é nada difícil achar algum valor nos novos sets. Agora, temos que lembrar que Companhia Coletiva se foi, de modo que o combate se altera totalmente. Não se trata mais de obliterar o oponente com criaturas saindo de surpresa e antes que ele possa fazer algo a respeito. O novo Metagame deve tender à construção de um campo de batalha, com a pressão sendo aplicada continuamente para, então, a finalização. Mas, vamos logo à algumas das algumas cartas de Kaladesh que podem te jogar na frente quando o assunto é beatdown.

Ferramenteiro Exemplar



Kaladesh fez um ótimo trabalho em nos trazer cartas que gritam "ARTEFATOS IMPORTAM!!!" e o Ferramenteiro é um excelente exemplo disso. Ele é um drop-1 agressivo por vocação que chega aos status de 3/2 no combate se você controla apenas um artefato, o que se espera que seja quase uma regra, já que, além de um set voltado para esse exato tipo de carta, temos as Pistas de Innistrad, que continuam sendo relevantes. Então temos nele um ataque de poder 3 consistentemente no turno 2, o que não é de se desprezar. Como um adicional, a partir do momento que se controla três artefatos ele recebe Iniciativa, se tornando mais difícil ainda de se tirar do campo. E, como se não bastasse essas vantagens vale a lembrança de que, mesmo quando o Ferramenteiro encontra uma barreira grande demais para transpor, ele pode simplesmente Tripular um veículo e você vai ter investido apenas 1 de mana num valor de Tripular igual a 3, que consegue animar criaturas realmente muito grandes com poder 5 ou 6. Resumindo, não despreze o Anão.

Avernal de Lathnu


Um 4/4 ímpeto que bate duas vezes antes de ser sacrificado por 3 de mana, não é nada mal mesmo. Agora, se analisarmos um pouco o que essa carta pode enfrentar nesse Standard vemos que pouca coisa vai fazer oposição ao Avernal. Os drop-2 e 3 do formato não são empecilho para um 4/4, mesmo um Rastreador Incansável pode encontrar alguma dificuldade, e Mago Refletor nesse caso não é realmente uma grande saída. Ele é muito bom em aplicar pressão no campo e colocar jogadores e Planeswalkers com o pé atrás e múltiplos dele podem fechar o jogo sem muito auxílio, às vezes. De fato, o mais irritante seria que ele fosse "chump bloqueado" duas vezes e depois sacrificado, mas não é como se não pudéssemos conseguir energia de outros lugares, como Raio Domesticado.

Brigão Voltaico


Essa pode  não ser uma daquelas cartas que chamam a atenção de todos e que garante sozinha um arquétipo inteiro, mas é inegável seu valor. É muito difícil, muito difícil mesmo, conseguir uma criatura RG (dois de mana, não as cores) com três de poder, e só por isso o Brigão já é, para mim, muito jogável em Limitadoe digno do Construído, mas ele não para por aí. Também utilizando a mecânica de Energia, mas dessa vez sem o sacrifício requerido pelo Avernal, ele se torna um atacante 4/3 com Atropelar. Já sabemos que 4 de poder é o suficiente para causar estrago e o Atropelar faz toda a diferença, pois impossibilita o "chump block". Além disso, lembramos que Energia pode ser obtida em outras cartas. Então, temos uma criatura que seguramente bate duas vezes 4/3 Atropelar e depois continua no campo, batendo ou tripulando, por um investimento de dois de mana e raridade incomum. Eu me surpreendi quando essa carta foi revelada e espero vê-la em decks por aí.

Cóptero do Contrabandista



Sobre Tripular, e para finalizar, está aí mais um ótimo exemplo do uso dessa habilidade com o Cóptero do Contrabandista, uma carta que está entre as mais poderosas do set, sem exagero. Para começar ele é um veículo 3/3 com evasão por 2 de mana e Tripular 1, o que significa que você pode virar qualquer criatura que esteja de bobeira, como um Inspetor de Thraben um Tóptero ou um Rebento Eldrazi (sim, eles ainda existem). Daí, a partir do momento que ele começa a atacar, você começa a ganhar. Simples assim. Isto porque a cada vez que o Cóptero ataca OU bloqueia, você vai poder "lootar", ou seja, comprar uma carta e descartar uma carta. E isso significa ganhar o jogo? Claro que sim. O fato de que você vai poder filtrar sua mão com uma vantagem de cartas absurda, promovendo seu plano de jogo, seja ele qual for, e ainda dar dano de combate é um peso gigante no seu lado da balança.

E também vamos nos lembrar que ele pode sair ileso de remoções para criaturas, já que nem sempre ele mesmo é uma. Que com Sempre Vigilante em campo ele se torna uma máquina de comprar cartas e dar dano, podendo atacar e bloquear livremente, algo que vai intimidar os ataques do oponente. Que ele cabe muito bem no Burn como uma válvula para a Loucura de Temperamento Explosivo, por exemplo. A consistência de vantagem de cartas de dano ao oponente por um custo muito baixo tanto para conjurar quanto para Tripular. É muito poder para ignorar.

Com apenas essas quatro cartinhas um estrago imenso pode ser feito no melhor estilo Aggro e eu estaria ansioso para esmagar a face do meu oponente com elas. Na dúvida, bater é sempre uma opção viável.

E esses são alguns dos meus destaques Aggro de Kaladesh. Quais são os seus? Faltou alguma carta para você? Alguma das que citei é um completo barco furado? É semana 1, o que espera do Standard? Sinta-se livre para usar a nossa seção de comentários. Obrigado pela leitura.

Thiago Metralha

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Obras Primas e Preços

Quem joga o formato Standard, ou acompanha o blog, deve saber este é um formato que ficou muito caro de um tempo pra cá, com decks com uma média de preço U$300 ou ainda mais, como foi no Standard de Batalha por Zendikar (Jace e fetches, se lembram?). E todos concordamos que essa é uma quantia muito grande de dinheiro para um jogador que está começando no Magic investir, ainda mais se pensarmos no Standard como um formato que rotaciona a cada seis meses. É péssimo tanto para os jogadores quanto para a Wizards, como você deve imaginar. Nas palavras do próprio Mark Roosewater: 

"O Standard é o formato Construído mais jogado. Ele foi desenvolvido como ponto de entrada para jogadores que desejam jogar Construído. Por uma pesquisa de mercado e mídia social, aprendemos que muitos dos jogadores interessados em jogar Standard sentiam que de alguma forma estava fora de seu alcance. Tínhamos que achar um meio de consertar isso."

Ou seja, o Standard deve ser um formato de fácil acesso aos jogadores (leia-se barato), já que é a porta de entrada do Construído. Desta forma algo teria que ser feito para abaixar o preço do Standard, uma solução tinha que surgir. Essa solução já nos foi apresentada e recebe o nome de Masterpiece Series.


 Obras primas, de fato.

Uma das notícias mais interessantes envolvendo o lançamento de Kaladesh foi o fato de que as Expedições que conhecemos em Zendikar estariam presentes em todos os blocos daqui para frente sob o esse novo nome, Masterpiece Series. Todos os sets terão essa seleção de reprints ultra-raros e foils, que devem aparecer numa proporção de 1 a cada 4 booster boxes. Mas como isso afeta o preço do Standard?

Bem, as Masterpieces simplesmente destroem o preço das outras cartas da coleção. É difícil prever o preço individual que cada carta pode atingir, mas os preços das boxes acabam caindo sempre para o mesmo patamar, entre U$55 e U$75. E, considerando que as Masterpieces são reprints de cartas boas e de alto valor que veem jogo no Modern e nos formatos Eternos, é fácil prever para onde a maioria desses U$75 vão.

De fato, as Masterpieces sempre tenderão a valer muito dinheiro, seja por sua raridade, foil especial, ou pela qualidade em jogo dos reprints. Isso significa que imediatamente o resto do set (leia-se o que você precisa para jogar Standard) vai tender a um preço não tão alto assim. Se as Masterpieces são caras demais, logo o resto do set não pode ser. Então, enquanto ninguém precisar de nenhuma Super-Mítica-Rara-Especial-Foil, ou de um playset delas, imagine, para montar seu deck, os preços do Standard tenderão a se manter razoáveis.

Agora, duas preocupações podem surgir quando pensamos acerca dessa solução que foi tomada. A primeira diz respeito ao preço das cartas que eu já possuo e as cartas que vou comprar, e devo dizer que quanto a esse aspecto pode se despreocupar. Enquanto é verdade que as Invenções de Kaladesh diminuem o preço das outras cartas do set, elas em nada alteram o preço das cartas de, por exemplo, Sombras de Innistrad. O objetivo das Masterpieces é abaixar o preço do formato aplicando uma diminuição set por set. Quanto às cartas reprintadas, a raridade das Masterpieces é alta demais para realmente abaixar o preço de cartas como Frasco do Éter. Sobre as cartas que você comprará daqui para frente, sim, por suposto elas devem valer menos, mas perceba que você também deve pagar menos por elas, o que te deve permitir comprar mais cartas ou gastar esse dinheiro de qualquer outra forma.

A segunda questão é um pouco mais complicada e abrange os drafteiros, jogadores de Limitado, por aí. As Masterpieces não alteram em nada o preço dos produtos selados, têm impacto somente no mercado secundário, de forma que quem joga Draft sairia prejudicado por estar pagando o mesmo tanto que antes e recebendo cartas que valem menos. Esse ponto é uma verdade e é difícil de contornar.  O lance aqui é se lembrar que o Valor Esperado sempre cai para o mesmo patamar nos sets, só que agora será dividido de uma forma diferente, com as Masterpieces sendo responsáveis pela maior parte do valor. Então, já que as Masterpieces são a nova norma, você só teria que continuar draftando até encontrar uma, que, então, recuperaria todo o valor que você "perdeu" nos outros drafts. Os jogadores que mais perderiam aqui são aqueles que não jogam Draft com frequência e também não jogam Standard, e,  mesmo assim, eles só teriam de lidar com a alta variância de abrir ou não uma Masterpiece em seus drafts.

Para resumir, enquanto adicionar uma raridade aos boosters de Magic pode não ser a melhor coisa do mundo, as Masterpieces são uma maneira bem elegante de a Wizards abaixar o preço de seu formato de entrada. É uma saída boa para os negócios e boa para a maioria dos jogadores. Vamos aguardar os resultados para saber se será boa para o Magic em si.

E você, o que achou de ter Masterpieces em todo set? Há algum ponto negativo ou positivo que você acha que ficou faltando aqui? Está empolgado para abrir uma dessas no seu pré-release? Sinta-se livre para usar nossa seção de comentários. Obrigado pela leitura.

Thiago Metralha

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

O que Fica e o que Vai - Kaladesh

Estamos a uma semana do pré-lançamento de Kaladesh, há uma explosão de spoilers sendo divulgados todos os dias com Mecanotitãs, reencontros familiares, planinautas de volta à cena e Invenções. Mas Kaladesh é um set de rotação, sua entrada significa que dois sets deixarão o Standard e muitos já comemoram, ou lamentam, esse fato. Então já que Dragões de Tarkir e Magic Origens estão deixando a cena, o que vai com eles?
Não começaremos com o mais óbvio dessa vez, embora essas não sejam exatamente difíceis de pensar. Os Baby-walkers, Kid-walkers, Flip-walkers, Planinautas de Origens estão indo embora e, dos cinco, a única que não teve seu momento nos holofotes foi Chandra, aparecendo bem de leve nos sideboards de algumas construções Mono Red. O Prodígio de Vryn teve seus altos e baixos enquanto esteve legal com ápice de poder, e de preço, no Jeskai Black, dali foi a melhor carta do formato algumas vezes, perdeu espaço, mas continuou sendo uma ótima carta; Liliana apareceu muito bem no PTBFZ nas listas GB Sacrifício; Kytheon, que começou como o patinho feio do ciclo, acabou achando seu lar em algumas listas de Humanos quando SOI chegou; e Nissa viu jogo em uma variedade incrível de listas Jund e Bant, inclusive no atual melhor deck do formato.

Dromoka's Command [DTK] Collected Company [DTK]
 
As duas cartas que mais foram alvo de reclamações nesse último Standard também estão indo embora. O Comando de Dromoka praticamente impossibilitou que os encantamentos fossem realmente expressivos nesse período e complicou imensamente as fases de batalha, já que apenas dois terrenos desvirados poderiam guardar uma carta que dava espaço para fortalecer um bloqueador e ainda matar uma criatura através da mecânica de lutar.

A carta achou seu verdadeiro lar no Standard de SOI com o GW Tokens, o melhor desse formato, com vitórias consistentes e ótimos resultados, muito disso graças à versatilidade dada pelo Comando. O deck, aliás, perde muito na rotação. Sem o Caminhante Aeródromo, Proteger os Ermos e o Comando extingue-se toda a identidade atual do deck. Logicamente o arquétipo de tokens não vai morrer, mesmo porque a nova mecânica Fabricar é uma boa adição, mas o GW Tokens como conhecemos está oficialmente morto e enterrado (mesmo que já estivesse desaparecido desde o PTEMN).

Já a Companhia Agrupada foi um terror. É uma mágica instantânea que te permite colocar em campo duas criaturas de custo de mana acumulado de até 6. Isso mesmo, 6 de mana, duas criaturas, no turno do oponente. A carta foi tão opressiva, distorceu tanto o formato, que criou um arquétipo exclusivo para ela e, se você iria jogar com criaturas e queria imprimir bons resultados, provavelmente 4 cópias dessa belezura estariam na sua lista.

A carta se firmou mesmo no topo com o lançamento de Lua Arcana, que permitiu ao deck acessar Espírito Altruísta e Supressor de Mágicas, que se juntaram ao Advogado Silvestre e ao Mago Refletor, de Juramento e se tornaram praticamente imbatíveis. O dekc foi um consenso entre jogadores, fossem profissionais ou não.

Outro ciclo importante que vai embora é o ciclo de Painlands inimigas de Origens. Não dá pra dizer que a construção de decks de cores inimigas vai ficar mais difícil, já que em Kaladesh teremos Fastlands inimigas, no entanto, a construção de decks incolores e incolores/coloridos vai sofrer. De fato, com as Painlands o uso e inclusão de cartas como os Eldrazis de Juramento das Sentinelas foi imensamente facilitado, já que não era necessário ter terrenos verdadeiramente incolores. Então, com a saída desse ciclo quem faz uso das cartas incolores terá de procurar outras fontes, provavelmente mais dispendiosas, para obter seus recursos.

Demonic Pact [ORI]
Também se vai na rotação o deck com o combo mais fofo e arcano de todo o Standard. Oferta Inofensiva + Pacto Demoníaco. Com o Pacto deixando o formato, ficamos sem o que oferecer ao oponente, a não ser que surja algo ainda em Kaladesh ou Revolução de Éter.

Isso tudo vai embora, mas o que ainda temos? Bom, temos todos os arquétipos do bloco de Sombras em Innistrad, que são muitos, muito bons e devem disputar entre si para ver qual será o melhor deck da Semana 1.

A disputa deve ficar entre Delírio, particularmente a construção G/B, que, mesmo que não tenha aparecido no mundial, fez um bom PT e tem interações muito fortes; o Burn, que foi impulsionado pelo Termoalquimista, faz um ótimo uso de Visões Febris, e está indo para um plano onde Chandra é a protagonista; Emergir, em particular os da combinação Temur, que vêm numa crescente, presente em campeonatos importantes, com uma fatia boa do Metagame, e resultados respeitáveis; e Emrakul, a grande mãe sempre deve ser temida e pode vir tanto num ramp mais tradicional quanto num Turbo e se aproveita muito bem do Delírio e de Emergir. Todos esses decks comemoram a rotação da Companhia, já que perdem um oponente bastante difícil de derrotar.

E que cartas se fortalecem com a rotação? Uma resposta óbvia está nos encantamentos, que não têm mais de temer o Comando, especialmente Sempre Vigilante, que disputava espaço nos decks de Humano. Além desse temos Visões Febris, Rito do Criptólito e Campo de Quarentena, que poderão ser usados mais livremente. Para além dos encantamentos, o Rompe-mundos ganha novos alvos para sua ira Eldrazi, os artefatos, que estão presentes em abundância em Kaladesh, então deve ver mais jogo, essa é uma das minhas apostas.

E esses são alguns pensamentos sobre a rotação que se aproxima. Que carta você está comemorando por ir embora? E quais irão fazer falta? Qual deck sai na frente para a Semana 1? Sinta-se livre para usar nossa seção de comentários. Obrigado pela leitura.

Thiago Metralha

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

O Mundial de Magic: the Gathering 2016

Semana passada tivemos um enorme evento do calendário do Magic the Gathering competitivo, o Campeonato Mundial. Os melhores 24 jogadores do mundo competindo entre diversos formatos pelo prêmio, o título de Campeão do Mundo e essa taça:

Vamos começar pelas informações básicas. Como já disse, o campeonato é formado por apenas 24 jogadores de todo o mundo de forma invitacional, a premiação total do evento chega aos $250.000, sendo que $70.000 são para o campeão. Neste ano o evento durou 4 dias passando pelos formatos Booster Draft de SOI-EMN, com 3 rodadas no primeiro e 3 no segundo dia, Standard, 4 rodadas no primeiro dia, semifinais e finais, e Modern, 4 rodadas no terceiro dia, quando acontece o corte para o Top 4, com semifinais e finais no último e quarto dia.

Então, primeiro dia, decklists registradas, tudo pronto para os primeiras rodadas de Construído e temos um Metagame assim:

Aqui uma clara inversão do que aconteceu no PT. O Bant Company, que saiu de lá com um gosto amargo na boca, continuou imprimindo ótimos resultados e vem mantendo a posição de "melhor deck do formato", fato confirmado por 7 dos 24 melhores jogadores do mundo. Embora não tenha feito um recorde combinado impressionante, apenas 43%, ocupou metade do Top 4.

Já o Bant Humans, que mal foi encontrado no PT, tem o segundo lugar em Metagame, o que pode ter sido uma surpresa. De fato, todo o grupo de testes BBD, composto por ele, Brad Nelson, Martin Müller e Larsson, acabou por escolher este deck que "foi muito bem nos testes" e, embora tenha um embate duro contra o Bant Company pode vencer. No entanto, as rodadas de Standard não foram muito bem para eles, a não ser Brian Bran-Duin, que foi ao Top 4 com record de Standard 4-0, e o deck acabou com um recorde de apenas 40%.

O deck Standard que fecha o Top 4 é o quarto em Metagame, Turbo Emrakul, um deck com nome auto-explicativo. Ele foi levado por Oliver Tiu com recorde pessoal de 2-1-1, e foi melhor no recorde combinado, com 64% de vitórias.

No dia três tivemos o segundo formato construído, Modern, com o Metagame desta maneira:

Com a exclusão do mar de Abzan, um terço dos decks, temos um Metagame muito mais diverso aqui do que no formato anterior. Temos aí decks que já são bem conhecidos no competitivo, como o Affinity, Infect e Jund, e decks mais novos ou menos expressivos, como Dredge, Thing Ascencion e, acreditem ou não, um BW Tokens.

Dentre os 8 jogadores de Abzan, dois conseguiram se classificar ao Top 4, coincidentemente os mesmos dois jogadores que se classificaram com o Bant Company, e o deck fechou com um recorde geral de 45%. Os outros decks representados nas semifinais foram Bant Eldrazi, recorde pessoal de BBD de 3-0-1 e combinado de 71%, e TitanShift, recorde geral de 88%, se classificando com um recorde pessoal de 4-0 de Oliver Tiu.

Assim o corte para o Top 4 foi feito e tivemos o Mestre dos Grand Prixes, Brian Bran-Duin, o Mestre do Construído, Oliver Tiu, o Mestre do Draft, Márcio Carvalho, e o jogador com mais Pro Points da região Ásia-Pacifico, Shota Yasooka, se enfrentando pelo título. Um Top 4 de nível altíssimo e que acabou por representar o Magic em sua totalidade.

Nas semifinais tivemos o confronto BBD contra Yasooka, Bant Humans contra Bant Company, e o primeiro levou a melhor, 3-0. Do outro lado, Carvalho enfrentou Tiu numa partida de Bant Company contra Turbo Emrakul, Mestre do Draft contra Mestre do Construído, e levou a melhor na especialidade do adversário com 3-1.

A final, então, foi entre Brian Bran-Duin e Márcio Carvalho, uma partida entre Bant Company e Bant Humans. Para ambos este era o ápice da carreira. Carvalho, jogador português, teve altos e baixos desde que entrou para o competitivo 16 anos atrás. BBD conseguiu sua vaga no campeonato na última semana possível, perseguindo o título de Mestre dos Grand Prixes.

Carvalho tinha uma tarefa muito difícil, bater um jogador que estava invicto com seu deck e numa partida complicada, um embate entre Companies,  e começou bem, ganhando o primeiro jogo. No entanto, BBD manteve a calma e jogou o seu melhor, ganhando os próximos dois jogos, o terceiro durando 67 minutos, e reverteu o placar. Assim também foi o retrato da quarta e última partida, Carvalho começou na frente, dominando o campo de batalha, mas BBD reagiu e alcançou um espaço de equilíbrio. O jogo virou quando BBD desceu sua Tamiyo, Carvalho ainda tentou uma reação, baixou a vida de BBD para 4 e estourou três pistas em busca da Arrogância Trágica que o colocaria de volta no jogo, mas, como foi incapaz de achá-la, estendeu a mão e deu parabéns a BBD pelo título.

 






Brian Bran-Duin sagrou-se Campeão do Mundo
E assim finalizaram-se as competições do Mundial, com Brian Bran-Duin no topo. O que você achou desse evento? O que espera da próxima temporada? E quanto a todos os anúncios feitos na PAX? Sinta-se livre para usar nossa seção de comentários. Obrigado pela leitura.

Thiago Metralha