sexta-feira, 15 de março de 2019

Predições para Guerra da Centelha

O fim finalmente se aproxima e pouco mais de um mês nos separa da conclusão do grande arco de Nicol Bolas, que já estamos acompanhando há anos. A cidade-plano de Ravnica será o cenário para um intenso embate com magnitude para alterar o destino do multiverso, logo, estamos ansiosos para presenciar a Guerra da Centelha.

No entanto, enquanto que a maioria dos detalhes da história continuam não revelados, uma informação importantíssima sobre a estrutura da coleção já foi divulgada. A Wizards confirmou que todos os 36 personagens que apareceram no teaser de Guerra da Centelha aparecerão no set com cartas de planinauta e, além disso, cada booster virá com, no mínimo, uma dessas cartas. Além disso, ela divulgou as belíssimas artes estilo vitral que ilustram este artigo.

O fato que os planinautas seriam centrais no set já era conhecido há muito e, por esse lado, a notícia serviu para validar a especulação de eles seriam também um forte tema mecânico. Já o número em que eles aparecem, no entanto, é, para dizer o mínimo, uma surpresa. Do modo como estamos acostumados as coleções com maior quantidade de cartas de planeswalker são as Coleções Básicas, sendo que as expansões variam entre dois e três deles, com raras ocasiões passando esse número, excluindo, claro, as cartas dos Decks de Planeswalkers. Isso abre a questão de como se poderia lidar com um número tão massivo deste tipo de carta tão específico. Felizmente, analisando alguns dados que temos podemos traçar alguns caminhos.

A inovação chegará agora


Mark Roosewater, um dos líderes do desenvolvimento do Magic: the Gathering, já disse em algumas oportunidades que as cartas de planeswalker são o tipo com o espaço para desenvolvimento mais reduzido, ou seja, há menos possibilidades de variações, e mesmo que eles, o desenvolvimento, têm mantido um ritmo lento para as inovações nestas cartas. Ao mesmo tempo a cada iteração de planinauta a comunidade em geral espera sempre algo novo e único, que reflita o desenvolvimento do personagem naquele ponto da história, e que também não seja uma carta já obsoleta no momento de seu lançamento pela concorrência com suas iguais. Um bom exemplo disso é o planinauta Gideon, que mantém em seu núcleo a habilidade de se tornar uma criatura, mas a coloca em volta de outras habilidades relevantes e diferentes a cada vez que aparece.

Manter o equilíbrio dessas duas condições (frear a inovação sem se tornar repetitivo) é uma tarefa que requer ajuste muito fino e que inevitavelmente vai sofrer uma mudança de paradigma no futuro e a Wizards sabe disso. Guerra da Centelha nos dá a oportunidade de controlar essa mudança e tirar o máximo proveito dela fazendo a balança pender para o lado que agrade mais os jogadores, que é justamente o lado da inovação.

Alguns movimentos já foram feitos pela Wizards recentemente nesse sentido, um exemplo claro sendo os planinautas de dupla-face de Origens, e o mais novo Nicol Bolas, de M19, que poderia ser uma inovação dentro da inovação, se transformando diretamente através de uma habilidade ativada, ao invés de uma desencadeada ou dependendo de alcançar certa condição.

Outros exemplos de inovação nesse campo não faltam, sejam em iniciativas recentes, como Karn, Rebento de Urza, e Huatli, Poetisa Guerreira, ou em sets antigos, como se vê em Sarkhan, o Louco, e Garruk Implacável. O fato é que poderemos esperar mais dessas variações, mesmo aquelas pequenas, e também numa maior concentração.

Haverá redução em complexidade


Há um bom motivo para as cartas de planeswalker estarem na raridade mítica desde que ela existe e na rara antes disso. As raridades, além de servirem o papel importantíssimo de balancearem o nível de poder de um deck típico no formato Limitado, servem como um guia para a complexidade das cartas encontradas nelas. Sendo assim, basta ver a caixa de texto dos planinautas para se notar que sua posição mais alta nas raridades é justificada. Isso de forma alguma é um defeito destas cartas.

A filosofia com que elas são desenvolvidas favorecem um estilo de jogo onde elas têm alto impacto quando entram em campo e se tornam um foco de poder, tanto para o jogador que as controla, quanto para o oponente. No entanto, isso é feito, como já dissemos, para duas ou três cartas numa coleção, não para 36.

Manter um nível alto de complexidade para todos os planeswalkers seria uma tarefa muito difícil em Guerra da Centelha, mesmo que se quisesse manter todos eles na raridade Mítica. Com 36 cartas tão complexas como os planinautas da Coleção Básica de 2019, que nem lideram o ranking neste quesito, o set como um todo se tornaria mais complexo, difícil de jogar, o que poderia afastar alguns jogadores.

Um exemplo do que pode ser feito para resolver a questão seria se aproximar mais do modelo usado para os planinautas dos Decks de Planeswalkers. Pelo fato de que o produto é direcionado aos jogadores iniciantes as cartas contidas neles são de menor complexidade, incluindo os planinautas. Isso não significa sugerir que todos os planinautas do set sejam feitos com o público iniciante em mente, mas apenas pegar emprestado uma das características do desenvolvimento voltado para este grupo.

Um planeswalker que exemplifica bem essa falte de complexidade é Jace, Desvendador de Segredos, que conta com habilidades concisas e poderosas, fáceis de se planejar em torno, seja qual for o lado da mesa em que ele esteja.

Haverá uma redução em poder


Planinautas muitas vezes são a representação do ápice do poder no Magic. Esse é um dos pontos que os fazem tão populares e no Limitado isso não é diferente. Eles são desenvolvidos para ir bem nesses tipos de formato e, quando entram em campo, se tornam um ponto de inflexão na direção do jogo podendo fazer de tudo um pouco, sendo de grande ajuda na defesa, roubando a atenção e os ataques do oponente, mesmo que por alguns turnos, ou no ataque, colocando uma contagem regressiva para o fim do jogo, quando ativarem seus poderosos ultimates. O fato é que planeswalkers são cartas que precisam ser respondidas o mais logo possível, o que é bom, pois, como normalmente não aparecem tão frequentemente nos boosters devido à sua raridade, tornam sua aparição um evento especial.

Entretanto, Guerra da Centelha será uma coleção com muito mais planeswalkers que o comum, com cada booster contendo no mínimo um deles. Isso significa, por exemplo, que no evento de pré-lançamento cada jogador vai abrir no mínimo sete planeswalkers entre suas cartas, seis de boosters e mais a promocional do evento. Se todos eles forem tão fortes como sempre os jogos poderão se tornar uma corrida em que quem conjurar o primeiro planinauta vence ou mesmo um impasse completo em que os planinautas de cada lado se equilibram e não permitem que o jogo progrida. Esses são alguns dos piores tipos de cenários em um ambiente Limitado, e, obviamente tenta-se combatê-los.

Um problema parecido foi enfrentado na recente coleção de Dominária, que continha 42 criaturas lendárias, icônicas por serem poderosas, quando um set comum normalmente não passa de uma dezena delas e as coloca em raridades mais altas. Fossem todas estas criaturas tão poderosas como o costume o ambiente limitado da coleção poderia ser arruinado, além das possíveis graves consequências para os formatos construídos.

A solução do caso foi a presença de lendárias com nível de poder reduzido, como Urgoros, o Vazio, efeito que se estendeu até raridades mais altas como, Zahid, o Gênio da Lâmpada. Em outras coleções cartas mecanicamente idênticas provavelmente não seriam lendárias, mesmo que Zahid, por exemplo, tenha um nível de poder alto o suficiente para estar entre as raras, mas em Dominária devido a outros fatores, como o tema e a história da coleção, estas cartas puderam ter seu status alterado.

Traçando essa comparação há uma grande chance de que alguns planinautas não estejam no mesmo nível de poder que outros do passado ou mesmo dentro do set, mas isso é bom para o jogo como um todo.

Mais suporte e mais respostas


Esta última predição é provavelmente a mais fácil de todas: se planinautas serão um tema da coleção, haverá suporte a essas cartas assim como respostas a elas. E isso é muito importante no Limitado, para quebrar impasses e permitir que o jogador tenha saídas contra a maioria de situações que enfrentar, e também no Construído por esses mesmos motivos, mas em níveis diferentes.

As maneiras como isso pode ser feito são inúmeras e incluem especificar diretamente o tipo planeswalker, como fazem Atormentar e Mox de Âmbar, ou de maneira ampla, como faziam cartas como Luta com Raízes e Anel do Esquecimento em Lorwyn, coleção em que as primeiras cartas de planeswalkers foram lançadas.

É importante lembrar que, como os planinautas estarão muito comuns em Guerra da Centelha, todos os jogadores devem ter acesso a respostas a eles para que o jogo fique balanceado, o que significa que estas respostas devem vir em raridades mais baixas. Formas eficientes de lidar com planeswalkers são uma demanda de vários formatos e de várias combinações de cores, assim como também há uma boa procura por cartas que aprimorem os decks centrados neste tipo de carta. A Wizards tem então a oportunidade de prover boas cartas para estes dois grupos mantendo o equilíbrio do formato específico de Guerra da Centelha e também dos formatos maiores.

Estes são apenas alguns dos caminhos que podem ser traçados para Guerra da Centelha com base no que a Wizards já fez com sucesso. Surpresas ainda podem vir, no entanto, então vamos aguardar ansiosos o anúncio de mais informações.

Enquanto isso as especulações sobre Guerra da Centelha continuam. Qual foi seu planinauta favorito dos que foram revelados? E qual é aquele que você acha que faltou? Como você acha que vai ser uma coleção com tantos planinautas? Sinta-se livre para usar nossa seção de comentários. Obrigado pela leitura.

Thiago Santos

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