Na verdade, o Magic sempre teve uma ótima relação com o mundo real em suas cartas. Desde as primeiras coleções, Alpha, Beta e Unlimited. Como não havia uma história central para as cartas, podiamos ver claras inspirações na nossa cultura, como a pirâmide de Ancestral Recall, proveniente da cultura Sul-Americana pré-colombiana, ou o Ankh de Mishra, um símbolo da mitologia egípcia.
Com o início das expansões no Magic, mesmo com a presença de um enredo, as referências e inspirações no mundo real não pararam. Fica clara a inspiração da construção da expansão Arabian Nights em “Mil e Uma Noites”, embora tudo se passe no plano de Rabiah, e Ice Age, mesmo que não tenha a presença de Thor ou Freya, mostra um mundo congelado inspirado na mitologia Nórdica. É claro que os Flavor Texts também faziam grande parte das referências em cartas como Piedade, que cita o Alcorão.
O auge do mundo real no Magic se deu em Portal Three Kingdoms, uma expansão desenvolvida para atingir um mercado em específico: a Ásia. Como base para o set foi usado o “Romance dos Três Reinos”, um mais que aclamadíssimo livro chinês. Além da própria história do romance, as cartas também abusavam de referências a religiões e filósofos, principalmente o Confucionismo, o Taoísmo e o grande general Sun Tzu.
Vale a pena dar uma olhada nas cartas do zodíaco chinês, também. Cada uma delas traz uma parte do poema que encerra o romance, sendo que a ordem correta é Zodiac Snake, Zodiac Horse, Zodiac Goat, Zodiac Monkey, Zodiac Rooster,Zodiac Dog, Zodiac Pig, Zodiac Rat, Zodiac Ox, Zodiac Tiger, Zodiac Rabbit e Zodiac Dragon.
A expansão teve um sucesso estrondoso, escapando dos rígidos códigos do mercado chinês, o que culminou na vitória chinesa no Campeonato Mundial de Equipes, uma década depois.
A expansão teve um sucesso estrondoso, escapando dos rígidos códigos do mercado chinês, o que culminou na vitória chinesa no Campeonato Mundial de Equipes, uma década depois.
Depois disso a Wizards mudou sua linha de contar as histórias do Magic usando as cartas para dar detalhes do desenvolvimento da história do set e do bloco, como dito no artigo “O Lore Vai Mudar”, e acabou deixando de lado as citações ao mundo real, para o desagrado de uma certa parcela de fãs.
No entanto, mesmo que as citações em Flavor Texts não fossem mais feitas, o setor de desenvolvimento do Magic continuou muito atrelado à realidade, mas agora construindo sua própria versão das mitologias.
O plano de Innistrad, por exemplo, reúne o horror de nossa literatura. Temos os Vampiros, Lobizomens, Zumbis e Demônios que já conhecemos, mas agora numa versão Magic. O plano de Theros faz o mesmo com a mitologia greco-romana. Não há a presença de Júpiter/Zeus, ou Plutão/Hades, mas há deuses, como Heliode e Érebo, heróis, monstros, sátiros e até a devoção. O último exemplo dessa abordagem que podemos dar é Tarkir que une a mitologia e cultura mongol com o multiverso Magic.
O Terror está sobre Innistrad |
Um fim definitivo aos Flavor Texts do mundo real, embora seja uma perda significativa para alguns, não significa de forma nenhuma o fim do mundo real no Magic. Na verdade, os últimos planos novos apresentados mostram exatamente o contrário, com inspirações fortíssimas em mitologias já conhecidas por nós. Parece que esta é a direção que o desenvolvimento do Magic seguirá e cabe a nós, jogadores e personagens desses dois mundos, aproveitar.
E você, o que acha do mundo real no Magic? Gosta desses sets inspirados em nossas mitologias? Que outra história você gostaria de ver numa versão Magic? Conte para nós nos comentários!
Thiago Metralha