sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Construindo Bases de Mana no Standard de Guildas de Ravnica

Para o alívio de muitos e a comemoração geral dos jogadores de Magic foi confirmado o reprint das Shocklands em Guildas de Ravnica, o que é uma ótima notícia para diferentes grupos. Para quem estava interessado em comprar algumas cópias a oferta dessas cartas deve ser inundada pela impressão nas novas coleções, abatendo imediatamente seu preço. Para quem está interessado em comprar produtos selados dos novos sets o reprint significa valor certo, já que estes terrenos, mesmo com a oferta ampliada, têm um patamar do qual seu valor não deve cair e, depois de um certo tempo, devem recuperar uma boa parte de seu preço devido à alta procura. E para o jogador de Standard a impressão de Shocklands no formato significa bons anos de bases de mana maravilhosas.

No decorrer deste texto vários jargões relacionados aos terrenos serão usados. Se você não sabe o que os termos "Shocklands", "Checklands", ou algum outro termo significam, dê uma passada por nossos Guias de Jargão dos Planeswalkers, onde já explicamos, em duas partes, algumas terminologias referentes aos terrenos.

As Shocklands são terrenos duais notáveis, pois possuem  os subtipos característicos de terrenos básicos (Planície, Ilha, Pântano, Montanha e Floresta) e se tornam excepcionais quando em conjunto com outras cartas que se importam com esses subtipos. No Modern, por exemplo, elas podem ser buscadas pelas Fetchlands, formando o pilar principal das bases de mana do formato. No Standard de Guildas de Ravnica elas se beneficiarão da interação que têm com as Checklands, permitindo que essas entrem em campo de batalha desviradas, o que influencia com grande peso o modo como se constrói as bases de mana, facilitando para que elas fiquem mais amplas.

Basicamente a facilidade de usar cada combinação de cor tem relação direta ao acesso que elas têm aos seus respectivos terrenos duais, no caso Checks e Shocks. Por exemplo, a combinação Azorius se importa com os terrenos duais UW, enquanto a combinação Grixis se importa com os terrenos UR, RB e UB. Sabemos que em Guildas de Ravnica todas as checklands estarão disponíveis, de modo que não são um fator limitante em quais cores adotar. Por outro lado, somente cinco guildas serão lançadas na próxima coleção de Ravnica, colocando o peso de fator limitante nas Shocks. Assim, a priori, é mais fácil construir as combinações que têm acesso ao maior número de Shocks possível.

Concluindo, as guildas definem quais serão as boas combinações de cores. No caso de Guildas de Ravnica as boas combinações de duas cores serão Dimir, Selesnya, Izzet, Golgari e Boros. As melhores combinações de três cores serão aquelas que têm acesso a duas Shocklands, e são Jeskai, Naya, Grixis, Sultai e Abzan. Sabendo as combinações favoráveis falta decidir quais e quantos terrenos duais usar.
 
Como já dissemos, no lançamento de Guildas de Ravnica todas as Checklands já fazem parte do formato, impressas recentemente nas coleções Ixalan e Dominária, e serão lançadas apenas cinco das Shocks. Esse padrão repete a combinação que vimos no já longínquo, e muito saudoso, Standard de Retorno a Ravnica, então vamos buscar lá a informação necessária para montarmos as bases de mana para o futuro Standard.

GP Atlantic City 2013

Para colher dados sobre as bases de mana presentes no Standard de Retorno à Ravnica escolhemos analisar as decklists do GP Atlantic City 2013, o último GP com formato Standard antes do lançamento de Portões Violados. Naquela altura todos os jogadores já haviam se adaptado perfeitamente às restrições de construção de decks que tanto os terrenos quanto das mágicas disponíveis no formato. Além disso esse foi um evento exemplar em termos de diversidade, tanto em cores quanto em arquétipos, e compreende bem esse princípio do Standard da época.


Na análise dos decks que chegaram ao topo da competição, podemos ver que a limitação das Shocks em nada influencia no equilíbrio das cores no formato, sendo que o vermelho é a cor mais representada, impulsionada pelo popular Red Deck Wins, um deck mono-colorido que figurava entre os favoritos da época. Quando vemos o número de cores que cada deck usa, vemos que construções de três cores representam mais de 55% dos decks e ainda temos alguns decks que vão ao limite, usando quatro cores, exemplificando a facilidade de se construir bases de mana mais amplas com a combinação Check + Shock.

Juntando todos os decks temos uma média de aproximadamente 6,5 Shocklands e 7 Shocklands usadas para cada deck. Ainda temos uma média de 3 terrenos de utilidade, muito comuns no bloco de Innistrad, 7,4 terrenos básicos e 24 terrenos totais em cada deck. Estes números têm desvios grandes devido aos dois exemplares de Red Deck Wins no Top 16 do torneio, que não usam nem Shocks nem Checks, e usam mais de 20 Montanhas em sua base de mana.

Então, eliminando esses dois decks da equação ficamos com médias de 7,35 Shocks, 8 Checks, 3,2 terrenos de utilidade e 5,3 terrenos básicos para cada deck, que também ficam em torno de 24 terrenos totais. Esses números já nos dão um belo indicativo de como montar a base de mana, em torno de 7 Shocks e 8 Checks, mais podemos refinar ainda mais esses dados.

Decks de Duas Cores

Olhando somente para os decks de duas cores vemos que eles tem média de exatamente 4 Shocks e 4 Checks, o que é óbvio, pois são as Shocks e Checks que representam as identidades de cores de cada guilda. Além disso tinham média de 3 terrenos de utilidade  e 11,5 básicas. Os terrenos básicos podem ser muito rapidamente escolhidos conforme a proporção de cores nos custos das mágicas do seu deck, assim, a decisão fica para quais lands de utilidade usar, o que deve variar de arquétipo para arquétipo. No Standard de Guildas de Ravnica teremos algumas boas opções, como Arco de Orazca, Torre do Relicário e Campo da Ruína.

Decks de Três Cores

Os decks de três cores são aqueles que mais se beneficiam da interação entre Shocks e Checks, portanto não é surpresa ver que eles têm médias altas, com 7,5 Shocks e 9 Check. No entanto vemos novamente um desvio nestes dados, causado pela presença do Esper Control. Esper não é uma combinação favorecida pelas guildas presentes em Retorno a Ravnica, então o piloto teve que ir bem fundo no uso de Checks para compensar a falta de Shocks. O deck usa as 4 Shocks que tem acessível e um número incrível de 11 Checks. Ele é um bom exemplo de que dá para contornar a escassez de Shocks, se estiver disposto a pagar o custo por isso.

Sem o Esper Control, os decks de três cores têm média de 8 Shocks e 8,8 Checks, com 3 terrenos de utilidade e  4 terrenos básicos. Novamente, as Shocks são óbvias, são aquelas acessíveis à combinação de cor. A dúvida dessa vez paira sobre as Checks e isso se responde com o arquétipo, aliado às proporções de cores do deck.

Os decks de controle são conhecidos por usar mais terrenos que os demais, então nada mais esperado do que usar todas as Checks que têm direito, o que os daria bases de mana configuradas da seguinte maneira, usando a combinação Jeskai como um exemplo:


Base de Mana Jeskai

Shocks

4Hallowed Fountain
4Steam Vents

Checks

4Clifftop Retreat
4Glacial Fortress
4Sulfur Falls

Outros

3Field of Ruin
1Island
1Mountain
1Plains

Os outros decks em geral deverão usar menos terrenos. Usando a combinação Abzan como exemplo poderíamos ter:


Base de Mana Abzan

Shocks

4Overgrown Tomb
4Temple Garden

Checks

3Isolated Chapel
3Sunpetal Grove
3Woodland Cemetery

Outros

2Field of Ruin
2Swamp
1Forest
1Plains

Esses exemplos trazem bases de mana quase que totalmente equilibradas em cores e usando terrenos de utilidade arbitrários. Partindo dessa base você pode refinar seu deck até que ele tenha a configuração de mana mais favorável.

Decks de Quatro Cores (Splashs)

A limitação de Shocks é algo que realmente não favorece decks de quatro cores, mas eles ainda aparecem, mais comumente na forma de splashs. No GP Atlantic City 2013 temos o Staticaster-Peddler, um deck Jund que faz splahs de azul para Estimago Izzet. Também tivemos o Dark Naya, Naya com splah para preto, que usava algumas cartas pretas chaves, muitas vezes saindo do sideboard para transformar o deck. Esses decks não são parâmetros perfeitos para a análise de base de mana, pois eram construídos para se beneficiar ao máximo da mágica Busca Longínqua, que também pode buscar Shocks, mas ainda podem nos ensinar algumas coisas.

O que era feito na construção da base de mana desses decks era adicionar Shocks e Checks na cor do splash e diminuir o número de terrenos básicos, em alguns casos eliminando-os totalmente. No Standard de Guildas de Ravnica isso não é muito aconselhável devido a presença de Campo da Ruína, mas efeitos parecidos podem ser alcançados com substituições entre as próprias Fetchs e Shocks. Porém é importante notar que no Standard de Retorno a Ravnica tínhamos presente o terreno Quarteirão Fantasma, e mesmo assim os splash aconteciam. De todo modo, devido ao alto custo de implementação deve-se considerar profundamente se o splash realmente vale a pena antes de fazê-lo.

Isso nos dá um panorama geral de como as bases de mana devem se parecer no futuro do Standard, pelo menos até que as outras Shocklands se juntem ao formato. Devemos nos lembrar que a acessibilidade de cores nas bases de mana nos dão apenas algumas direções a ser tomadas e que cartas poderosas devem ser jogadas mesmo que a combinação de cores em que está compreendida não seja favorecida.

Enquanto isso os previews da coleção estão a todo vapor. Finalmente estamos chegando em Ravnica! Qual é sua guilda preferida da nova coleção? Que arquétipos te parecem melhores nesse novo formato? Qual combinação de cores vai dominar os campeonatos? Sinta-se livre para usar nossa seção de comentários. Você também pode nos alcançar na página, email (artesaosdomagic@gmail.com) ou twitter (@artesaosdomagic). Obrigado pela leitura.

Thiago Santos

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