sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Decks e Arquétipos frente à Rotação

Estamos a apenas um mês da semana de pré-lançamento de Guildas de Ravnica e a dois eventos, o GP Richmond, que ocorre neste fim de semana, e o Mundial de Magic, que se inicia dia 21 de setembro, do oficial fim desse ciclo do Standard no cenário competitivo. O formato já se encontra naquele clima de fim de festa característico das rotações e os jogadores já estão se preparando para as mudanças que devem fazer em seus decks sabendo das coleções que se vão e especulando sobre o que pode chegar na nova coleção. No entanto, como o modelo atual de rotações implica em grandes mudanças na pool de cartas legais no Standard, além de se preocupar em atualizar decks específicos também é importante se manter atento aos arquétipos gerais, já que eles podem servir como um guia.

Então, para deixar claro já no começo, as coleções que deixarão o Standard com o lançamento de Guildas de Ravnica são as do Bloco de Kaladesh, Kaladesh e Revolta do Éter, e as do Bloco de Amonkhet, Amonkhet e Hora da Devastação. Também é bom mantermos em mente as guildas presentes na primeira coleção dessa nova visita à Ravnica, que serão Boros, Dimir, Golgari, Izzet e Selesnya.

Aggro

 

Os decks Rx-Aggro foram bastante expressivos no Standard basicamente desde a última rotação, passando pelo temido Ramunap Red, que teve disputa acirrada contra o Temur Energy, mas se desgarrou com o banimento das cartas principais que forneciam energia, mesmo que também tenha recebido o martelo na mesma ocasião, evoluindo e ganhando campeonatos até que chegou ao ápice com o lançamento do Goblin Lança-Correntes e o estabelecimento do que hoje conhecemos como o RB Aggro. Esta foi uma campanha de vitórias belíssima de se acompanhar, mas que recebe um poderoso golpe na rotação.

Desconsiderando as cartas de sideboard e os terrenos, critério que manterei para as próximas análises, o deck perde incríveis 83% de sua composição na rotação. Somente ficam para contar a história o próprio Goblin Lança-Correntes e a Fênix Reavivante. O deck perde completamente suas cartas para o começo e fim de jogo e necessitaria de uma completa reformulação indo adiante. Não pense que este é o fim do Rx-Aggro no entanto, pois já temos possíveis sucessores entre os atuais decks.

O deck com mais qualificações para tomar o posto do RB Aggro é o Mono-Red Wizards, que funciona basicamente como um Burn, conjurando ameaças rápidas e baratas para abaixar os pontos de vida do oponente o mais rápido possível. O deck perderia somente 34% de sua atual composição na rotação, o que faria possível que ele continuasse como parte do formato, sem contar com as melhorias que poderia receber entre Izzet e Boros. A questão com o deck no entanto é sua interação principal com Relâmpago do Mago, que precisa de um bom número de Magos no começo do jogo para que possa ser efetivo, mas perde um de seus melhores facilitadores quando Mago Escarificador de Almas cair. O deck fica então à mercê da nova coleção, esperando que seja lançado um Mago vermelho de custo de mana baixo, um ou dois, para manter sua consistência. Todas essas especificações só reduzem as chances do deck e, olhando as outras coleções de Ravnica as notícias são desanimadoras. Uma solução para esse problema é mergulhar na tribo e transformar o deck num Izzet Wizards, com cartas como Domador de Tempestades Sireno e Adeliz, o Vento Cinzento, o que também suaviza um pouco a necessidade do deck por cartas novas.

Outra tribo que também poderia facilmente despontar no Standard são os Goblins. Eles já têm bastantes cartas formidáveis, além do Lança-Correntes, como Instigador Goblin, Mestre Desmantelador Goblin e Comandante do Grupo de Cerco. O deck já teria algumas decisões a tomar, como quais e quantos drop-1 usar e quais mágicas utilizar para fortalecer a parte tribal do deck. Eles ainda podem receber bons reforços, já que os Goblins são uma raça presente em Ravnica e, como disse antes, entre Izzet e Boros boas mágicas vermelhas devem aparecer.

Finalizando as tribos e iniciando os decks que não contam com o Goblin Lança-Correntes, temos as tribos de Ixalan, Piratas, Tritões, Dinossauros e Vampiros, que não perdem basicamente nada na rotação, além dos oponentes do topo do formato. A informação que se têm sobre esses decks já está disponível há meses e não deve mudar muito com o próximo lançamento, mas mesmo assim esses são decks fortes e que podem se aproveitar da confusão de um formato novo para assegurar vitórias. Dentre essas, a tribo que possivelmente estaria mais animada com o retorno a esse plano seria os Tritões, que apareceram como uma raça no bloco de Retorno a Ravnica e antes eram considerados extintos. Simic, a guilda que os apoia, só aparecerá daqui a quatro meses, no entanto.

Finalizando os decks agressivos temos o Mono-Green Stompy que, embora perca 50% de sua composição, já busca substitutos adequados nos tritões exploradores de Ixalan, Andarilha das Copas Tritã e Patrulheira Jadeluzente, então deve sobreviver bem à rotação, mantendo seu nível de poder atual. O que o deck realmente gostaria de ver em Guildas de Ravnica é um truque de combate para substituir Defesa Florescente e não ficar vulnerável a qualquer remoção apontada para suas criaturas.

Midrange

 

O grande representante do Midrange no Metagame do Standard por um bom tempo foi os decks de Constritora Sinuosa, tanto em sua forma Sultai como na atual forma mais popular BG. O deck, no entanto, além de perder sua popularidade entre os jogadores, perde metade de sua composição para a rotação, incluindo a carta que o dá nome, sendo esse um caminho sem volta. Outro deck que impôs medo por um período no Standard foi o UB Midrange, encabeçado pelo terrível Deus Escaravelho. O deck também perde muito, 67% de sua composição, entre seu mecanismo de vantagem de cartas, remoções e o deus que tanto o fez temido.

Ambas as combinações BG e UB aparecerão em Guildas de Ravnica como Golgari e Dimir, respectivamente, mas, enquanto que os Golgari já interagiram com  número de marcadores para marcadores, como faz a Constritora, eles são mais conhecidos pelas suas mecânicas de cemitério. Os Dimir, por outro lado poderiam servir bem ao arquétipo com cartas de suporte, como já fez bem antes, mas precisaria de um bom finalizador, o que não foi seu forte nas últimas edições.

O deck midrange mais recente, e também uma aposta promissora, impulsionado pela Coleção Básica de 2019, é o Grixis Midrange. O deck perde cerca de 70% de sua composição na rotação, o que assusta a princípio, mas vale a lembrança de que ele se serve tanto da guilda Dimir, quanto da Izzet, então tem um amplo espaço para receber melhorias. O que mais influência a confiança no deck, no entanto, é a permanência de sua melhor carta, Nicol Bolas o Devastador, poderoso demais para ser esquecido.

Controle

 

O controle é um arquétipo curioso nesta rotação, pois, ao mesmo tempo que perde tudo não perde nada. O UB Control perde tudo, mesmo que em números perca somente 67% de sua composição. Digo isso porque o deck perde talvez a melhor remoção do formato em Empurrão Fatal, mas isso todos os decks com preto perdem. O que realmente machuca o deck é a perda de suas mágicas de vantagem de cartas, Lampejo de Genialidade e Iluminação Hieroglífica, e seu principal, e na maioria das vezes único, finalizador, o Mecanotitã Torrencial. Há muitas poucas chances desse deck funcionar sem as mágicas para comprar cartas e mesmo que ele as consiga na próxima coleção, ele também precisa de um novo finalizador poderoso o bastante para superar ou ao menos estar a par da interação entre o Mecanotitã e as magias usadas ao longo do jogo.

O lado que não perde nada é o mais recente UW Control, que extrai seu poder da poderosa combinação de Teferi, Herói de Dominária e Busca por Azcanta. O deck perde 38% de sua composição, mas o faz em cartas substituíveis, como as contra-mágicas, ou das quais não é dependente, como as mágicas para comprar cartas, tão caras ao UB.

O caminho do meio, que apareceu vencedor em alguns eventos recentes, é a versão Esper Control, que é uma incógnita na rotação que se aproxima. O deck perderia 60% de sua composição, basicamente as mesmas cartas que afetam a versão UB, o que provavelmente promoveria uma mudança para adotar o UW como combinação de cores. No entanto, a guilda UW, Azorius, não estará no próximo lançamento, mas a guilda UB, Dimir, estará. Assim os jogadores de Esper têm mais flexibilidade nessa rotação. Se boas cartas saírem na Casa Dimir, suficientes para renovar o arquétipo, então permanece a combinação Esper. Se não, muda-se para UW e espera-se mais três meses, até a chegada do Senado Azorius.

Combo

 

O último arquétipo a se analisar é o Combo e o veredito é rápido: os decks combos serão absolutamente destruídos na rotação. Quase todos os deck baseados em artefatos são centrados no Bloco de Kaladesh, que vai embora levando Reservatório do Fluxo de Éter, Estatuária Inspiradora e Resultado Paradoxal, deixando um Sai, Topterista Mestre órfão com o Mono-Blue Storm. Além desses leva o Motor Paradoxo e o Panarmônico, que volta e meia apareciam em decks menos focados. Dos decks não centrados Bloco de Kaladesh sobram os decks centrados no Bloco de Amonkhet e, feliz ou infelizmente, não há decks de Dádiva do Faraó Deus sem a própria Dádiva e não há decks de Segundo Sol sem a Aproximação do Segundo Sol.

Isso é era esperado, no entanto, já que a biblioteca de cartas do formato está sendo drasticamente reduzida. Também não há motivo para desespero, já que ainda sobraram peças de combo que precisam de decks mais refinados e que Wizards tem mostrado coleção atrás de coleção que quer que o Combo seja uma parte do Standard.

Como pudemos ver os grandes arquétipos passarão por grandes mudanças, como é típico do período de rotação, e, somando tudo, todos eles, com exceção do Combo, terão poderosos representantes no dia 1 do Standard de Guildas de Ravnica mesmo se desconsiderarmos melhorias da própria coleção. A forma como os decks existentes vão interagir com as novas cartas e novos decks são o que formarão a paisagem do novo Standard, então essa será uma temporada de previews um pouco mais especial para o formato. De qualquer forma agora nos resta esperar por ela.

A rotação é um período de importância crucial para o formato principal de Magic: the Gathering. E você, quais adaptações terá que fazer? Seu deck sobreviverá à rotação? E o que você espera da coleção Guildas de Ravnica? Sinta-se livre para usar nossa seção de comentários. Você também pode nos alcançar na página, email (artesaosdomagic@gmail.com) ou twitter (@artesaosdomagic). Obrigado pela leitura.

Thiago Santos

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