sexta-feira, 4 de maio de 2018

O Teste Baneslayer

Cada jogador tem sua própria métrica para saber se um formato é bom ou não. Muitos confiam no sentimento ou sensação geral passada pelo formato, outros pelo divertimento obtido e alguns têm um fator objetivo, que pode ser aplicado a qualquer experiência de jogo.

No ano passado Patrick Sullivan, entre outras coisas, ex jogador de Magic: the Gathering, atualmente comenta o SCG Tour, em uma das edições do CEDTalks, podcast de Cedric Phillips, que tem entre seus projetos ser Coordenador de Conteúdo Online da Star City Games e narra o SCG Tour, compartilhou conosco sua métrica do que faz um Standard saudável. Basicamente, se Anjo Exterminador do Mal (Baneslayer Angel) ou algum similar é uma criatura boa e viável, o Standard é saudável. Este é um teste bom por dois principais motivos: ele mede a velocidade do formato e também o poder das remoções.

Pense no Anjo Exterminador do Mal como uma criatura mais genérica. Ela é grande, tem bons status, um monte de habilidades de combate, está acima da média das outras, mas você pode simplesmente matá-la, e ela demora um pouco para entrar no campo de batalha. Ela ser uma boa criatura significa que você vai estar vivo para conjurá-la na maioria dos jogos, ou ela nunca apareceria nas sua 75 cartas. Significa que, provavelmente, o formato não é dominado por numerosos decks Aggro ou Combo que terminam o jogo no Turno 4, por exemplo, com consistência. Também significa que no Turno 5 ou próximo disso, é esperado que a maioria dos decks, mesmo os Control, apresente uma criatura forte para acabar o jogo, que não deve se arrastar indefinidamente. Sumarizando, se a Anjo é viável, há uma provável harmonia entre as estratégias mais rápidas, Aggro/Combo, e as mais lentas, Midrange/Control.

Seguindo ainda neste exercício de pensamento, se você coloca a Anjo em seu deck, provavelmente você espera que ela viva para cumprir seu objetivo, seja ele ofensivo ou defensivo, o que indica que não há uma superabundância de remoções eficientes no formato. No entanto o fato que nenhuma das habilidades da Anjo a protege das remoções também é bom, pois dá um sinal ao formato que esta não é uma ameaça imbatível, que há saídas possíveis. Num todo, jogar com esta carta indica um equilíbrio entre remoções e ameaças, já que, se houvesse remoções demais e/ou eficientes em excesso, você não comprometeria uma jogada de tamanho considerável numa criatura que vai morrer sem nem mesmo perder o enjoo de invocação.

E este teste é especialmente interessante no Standard de Dominária e pros próximos, enquanto a coleção for legal no formato. E isso porque Anjo Exterminador do Mal recebeu um reprint funcional sob o nome de Lyra, Portadora da Alvorada.

Numa comparação direta entre as duas anjos, Lyra é um upgrade. A proteção contra Dragões e Demônios pode ter sido importante no Standard da época, mas ser uma Lord de Anjos é mais importante, tanto para o Standard atual quanto para outros formatos, como o Commander e o mesão, mais casual. Lyra, no entanto, é uma criatura lendária e, enquanto pode haver vantagens, com a mecânica e o tema Histórico, isso significa que há uma limitação de quantas cópias da carta um deck pode carregar, sem que uma ou mais fiquem inúteis na mão por muito tempo. Desta forma será mais comum ver ela como um 3-of (três cópias no deck).

Lyra também pode ser comparada com outras cartas, particularmente outros anjos, algumas de um passado recente, outras do formato atual. Do passado podemos trazer Gisela, a Lâmina Partida, que é basicamente um Anjo Exterminador do Mal encolhido. Gisela tem a vantagem de atingir o campo mais cedo, mas isso é suplantado pela relação Poder/Resistência que apresenta. Ser 4/3 significa ser muito mais fácil de ser bloqueada e muito mais difícil de bloquear, pois troca com criaturas abaixo dela na curva de mana, e ser especialmente vulnerável para remoções por dano. Isso coloca Lyra vários degraus acima de Gisela.

Para uma comparação mais recente trazemos Anjo da Invenção, que é uma carta muito mais flexível que Gisela, e talvez até que a Portadora da Alvorada. Para começar, não é lendária, então, sem restrição ao número. Além disso, têm uma habilidade que cria tokens de criatura, com Fabricar, e ela mesma aumenta o poder da equipe, criando 6 de poder imediatamente quando o modo de fichas é escolhido. Caso escolha o modo de marcadores, ela sofre dos mesmos problemas que Gisela, sendo apenas uma 4/3 por 5 de mana. Esse é um indicativo muito forte sobre qual modo da carta é o mais vantajoso e isso é o que a tira da disputa com Lyra. A Anjo da Invenção pede um deck em que suas duas habilidades possam ser abusadas, e seus status não permitem que ela funcione como um finisher clássico, como poderia Lyra. É por isso que vemos Anjo da Invenção como uma 4-of (quatro cópias no deck) em decks Dádiva do Faraó-Deus e nenhuma cópia sequer em decks control.

Finalmente podemos comparar Lyra, Portadora da Alvorada com o Metagame em si. A Portadora se esquiva da maioria das remoções de dano usadas, a exemplo de Abrasão, e também de Empurrão Fatal, uma das remoções mais usadas no formato, e de Demover, remoção de Dominária que chega ao mais perto que estivemos de Lâmina da Destruição desde a própria Lâmina da Destruição. Em contraponto, é frágil contra Selar, outra nova remoção de Dominária no estilo de Jornada a Lugar NenhumDesprezo de Vraska, uma remoção muito difundida, e a qualquer efeito de cólera.

Em combate Lyra se mostra mais que confortável, naturalmente evitando criaturas terrestres. Das criaturas que sobram ela consegue sobrepujar incríveis 148 de 160 criaturas que têm Voar ou Alcance. E, entre as 12 que podem segurá-la, apenas 2 têm visto jogo em nível de torneio recentemente, ou seja, sua superioridade no céu é inquestionável.

Então chegamos ao ponto de responder à pergunta: o Standard Atual é um bom formato? Os resultados do Standard PTQ de 29 de abril, domingo passado, dizem que sim.

O campeão do torneio foi o jogador(a) Team5c com o deck GW Midrange, que conta com 3 cópias de Lyra no maindeck. Além desse, a Portadora da Alvorada conquistou o Top 8 com um 2° Lugar com BW Veículos, 3° Lugar com UW Histórico, 6° Lugar no sideboard de um UW Control e 8° Lugar com outro GW Midrange.

Esses resultados são ainda de um formato muito novo, mas mostra que os jogadores veem valor na carta e estão empolgados em usá-la em alto nível de competição. Além disso vê-se uma variedade enorme de estratégias em que Lyra pode ser empregada, com muitas cores, o Verde, o Preto e o Azul sendo usados em conjunto do Branco.

Indo pra frente pode-se esperar que ela deve-se manter sólida como uma opção de sideboard no UW Control para partidas mais agressivas, especialmente o Burn/Mono-Red, que precisa de duas mágicas para poder removê-la. Enquanto isso outras construções serão testadas e nada impede que também se estabeleçam no Metagame.

E você, o que acha o Teste Baneslayer? E qual a sua opinião sobre a Lyra, Portadora da Alvorada nos próximos passos do Metagame? Como você avalia um formato? Sinta-se livre para usar nossa seção de comentários. Você também pode nos alcançar na página, email (artesaosdomagic@gmail.com) ou twitter (@artesaosdomagic). Obrigado pela leitura.

Thiago Santos

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