Olá a todos! Aqui teremos a terceira e última parte da história do bloco
Sombras em Innistrad e
Lua Arcana! Para quem chegou agora, primeiramente bem vindo! Esta série de artigos conta a história oficial dos planos de Magic: The Gathering, num misto de narrativa e tradução dos textos publicados na
página oficial da Wizards. Já contamos com outros dois artigos publicados com esse intuito, que você pode ver
aqui (Parte I), e
aqui (Parte II).
Comecemos, então, com uma seção que nos situa com o terror vivido pelos habitantes de Innistrad:
O terror está apenas na sua cabeça...
Se você fosse um habitante humano de Innistrad, e não fosse um cientista louco, certamente iria dedicar um tempo da sua vida para agradecer (ou pedir) aos anjos de Avacyn. A oração e a fé em Innistrad possui um grande poder, e ter sua família protegida pelas revoadas celestes comandadas por Bruna, Gisela, Sigarda e Avacyn era a coisa certa a se fazer.
No entanto, as coisas começaram a mudar em Innistrad. Algumas maldições de Licantropia (lobisomens) estavam começando a quebrar as barreiras conjuradas pela igreja, diversos camponeses estavam relatando ouvir vozes estranhas e misteriosas seitas realizavam seus cultos longe da luz do dia, nas florestas mais afastadas de Ulvenwald, ou nas praias mais obscuras de Nefália.
Agora sabemos que a causa era
Nahiri e suas maquinações. Suas novas peças de litomancia, os criptólitos (como eram chamados pelos habitantes do plano) possuíam uma forma entortada e pontuda, que permitia que o fluxo de mana naquela região fosse "dobrado" para apontar em uma direção. Essa mudança no fluxo de mana estava causando danos colaterais em quaisquer atividades que exigiam mana para serem realizadas.
Outros seres estavam, também, sendo afetados. No entanto, a mutação era física: todo tipo de distorção surgia nos seres vivos, e a única coisa em comum era o aspecto doentio e canceroso. As pessoas que não estavam sofrendo esse destino estavam pesquisando, investigando as possíveis causas e, de preferência, as curas.
Mas, de longe, havia algo que preocupava a todos: os anjos, seres feitos de pura mana branca, estavam alterando seu comportamento. Mais intolerantes, sedentos pela violência e morte dos "impuros", os anjos gradativamente passaram a agir contra aqueles que deviam ser protegidos: os humanos fiéis a Avacyn. Estes não tiveram chance, e foram massacrados aos milhares, diante da terrível imagem que era a revoada que anunciava a morte certa.
"Não se preocupem. Vocês serão salvos...de vocês mesmos.". Com o medo dos anjos adicionado aos terrores antigos (que estavam mais fortes), os nativos de Innistrad não tiveram muita escolha além de resistir em grupos (esse destino sendo reservado àqueles que ainda não se integraram à loucura). O plano não estava preparado para uma guerra interna tão forte, e a chegada do Fim Prometido, Emrakul, simplesmente destruiu as esperanças.
Sentinelas ao Resgate!
Mais ou menos...
Agora retornamos ao "fio solto" deixado no fim do segundo capítulo. O som que Jace ouviu, e que todos os habitantes de Innistrad ouviram, foi o som de Emrakul quebrando a barreira da realidade e fazendo a sua entrada no plano. Uma legião de cultistas a esperava, e finalmente todos puderam ver e compreender quem (ou o quê) estavam venerando.
O poder de Emrakul é incerto (apesar de termos a certeza de que é enorme). Em Zendikar, sua atuação nos permitiu ver que a gravidade se dobrava em seu favor, e sua prole era composta de "pedaços" seus que se desprendiam e tomavam vida própria. Como não haviam eldrazis em Innistrad ainda, A titã deu um jeitinho de arranjar seu exército através dos nativos. As mutações, antes observadas em vestígios, deram lugar a transformações completas de corpo e mente.
"Todos somos Emrakul", é o que passava na mente deteriorada daqueles que sofreram a enorme influência Eldrazi. Formas monstruosas simplesmente explodiam de dentro dos corpos dos habitantes, e aqueles que ainda não sofreram apenas observavam, com nojo e terror nos olhos.
Jace, após sair da catedral com Tamiyo, não queria perder tempo, e já se preparava para voltar a Zendikar para buscar as Sentinelas. A Soratami compreendeu (após ler a mente de Jace em um acordo entre os dois), e protegeu Jace da loucura de Emrakul enquanto ele transplanava. Chegando lá, ele começou a resumir a situação em Innistrad, e a discutir soluções.
Contas a acertar
Enquanto o mundo de Innistrad caía diante de Sorin, este só pensava em matar Nahiri, como última ação dentro de seu plano. Agora, com o exército de Olivia Voldaren ao seu lado, ele se dirigia à Mansão Markov, onde Nahiri e uma legião de cultistas (que a veneravam como a anunciadora de Emrakul) o esperavam.
Enfim, Sorin chegou ao destino. Nahiri agora apresentava um semblante confiante e zombeteiro, e assim, começou o embate entre os exércitos. A litomante não se importava com as perdas, - Aqueles cultistas não significavam nada para ela - assim como para Sorin apenas uma vida importava: a dela.
" Um rancor de mil anos está chegando a um fim.
Para Sorin, é a distorção de sua antiga casa. É o desfazer de Avacyn. É a chegada de Emrakul.
Para Nahiri, é a traição de um amigo. É o milênio gasto presa dentro da Câmara Infernal. É a ruína de Zendikar em sua ausência.
Quando dois Planinautas antigos duelam, planos inteiros reverberam.
'Você deve me desconsiderar muito se acha que isso funcionaria,' Nahiri disse à medida que o segundo projétil de magia mortal era devolvida de volta a Sorin, acertando-o em cheio. 'Magia flui através de linhas de força. Linhas de força passam pela pedra. E, bem, ambos sabemos o que eu posso fazer com isso. Então por favor, Sorin, pode tentar esse lixo de novo.' Ela estava o circulando agora. 'Eu trouxe Emrakul para a cabeceira de seu plano, e você ainda acha que sou uma criança.'
Por um momento, ninguém falou. Mais que seiscentos anos de história os levaram até ali. Olhando nos olhos de Sorin, Nahiri se perguntou se ele estava pensando a mesma coisa. Eles foram amigos, ela acreditara. E agora...agora ela teria a vingança dela. Finalmente, Nahiri disse, 'Mil anos Sorin, você me trancou por mil anos.'
'E, ainda assim, aqui está você.' Sorin tossiu, mandando um espéculo de fumaça negra no ar. 'Você deveria ter ido embora.'
'Eu saí. Eu retornei a Zendikar e a vi sendo devorada pelos Eldrazi. Você deixou isso acontecer.' Ela levantou a espada para que ficasse no nível da garganta de Sorin. 'Você me condenou e ao meu mundo.'
'Você sabia os riscos quando concordou em prender os titãs em Zendikar. Você sabia que a fuga deles era uma possibilidade.'
'Eu também sabia que nós tínhamos um acordo.' Nahiri sentiu sua pele queimar. 'se eles escapassem, você e Ugin deveriam ter vindo. Quando eles escaparam, nenhum de vocês estava por perto. Da maneira que eu via aquilo, estávamos os três juntos. Mas era só eu. Todo aquele tempo, era sempre eu.
'Então você decidiu condenar esse plano.'
'Eu cansei de ser uma vigia, e Zendikar nunca mais será uma prisão. Emrakul tinha que ir a algum lugar. Você só fez a decisão ficar fácil.'
'Sorin, eu estou inclinada a deixar isso rolar,' veio a voz melódica e instigante de uma mulher, acima. Nahiri inclinou a cabeça e viu uma vampira, fechada em uma armadura preta elegante, flutuando acima de uma dúzia ou mais de vampiros vestidos similarmente. Ela não usava um capacete, e sua cabeça pálida e o choque de seu cabelo ruivo brilhante contrastava com o metal negro. Havia um ar de graça que parecia radiar dela, e Nahiri reconheceu um poder que era semelhante ao de Sorin, Aquela mulher era uma hematófaga anciã.
'Sem dúvida, Olivia,' Sorin disse de sua posição inferior.
Olivia moveu-se até Nahiri com sua delicada espada de metal negro. 'essa é ela, eu entendi.' Sem esperar por uma confirmação, ela simplesmente se direcionou a Nahiri. 'O que quer que Sorn fez para incitar sua ira, eu tenho certeza que ele a merece. Mas ele também conquistou meu auxílio, então eu não posso permitir sua vingança.'
'Outro anjo guardião, Sorin? Esse foi mais improvisado, eu acho,' disse Nahiri. Ela moveu uma mão para além, e as placas de pedra à sua frente começaram a incandescer com o calor.
Olivia sorriu. 'Eu gostei dela Sorin, eu devo admitir. Mas, independente disso...' No sinal dela, os vampiros desceram em Nahiri. "
Foi uma luta sangrenta. Com uma demosntração de poder e habilidade, Nahiri cuidou da vanguarda de Olivia sem maiores problemas. Ela não queria perder tempo, no entanto, e por isso se valeu de sua arma secreta: uma horda de híbridos eldrazi que ela havia guardado como uma surpresa para Sorin. Manipulando as linhas de força de Innistrad, Nahiri conseguiu comandar as abominações até os vampiros restantes, deixando-a livre para lidar com Sorin.
O embate foi relativamente curto, mas não menos intenso. Ambos lutaram com determinação, e Sorin conseguiu desferir um golpe que começou a incapacitar a litomante. Os movimentos dela ficavam mais lentos, e um outro vacilo fez com que Sorin pudesse se aproximar e morder o pescoço de Nahiri. Ela começou a sentir mais fraca, e Sorin investiu no ataque. No entanto, isso deixou uma abertura para Nahiri, que recuou até uma parede logo atrás.
O poder de litomancia de Nahiri a permitia que ela pudesse literalmente se fundir com a pedra. E foi isso que ela fez. Unindo-se à pedra de uma coluna derrubada, ela consegue escapar das presas de Sorin, enquanto fazia enormes dentes de pedra que perfuraram os braços e pernas do vampiro, além de seu tronco. Ele ficou preso na pedra, e a dor provocada pelos ferimentos constantes o impedia de transplanar. Sorin estava preso, nas garras de Nahiri.
" E então Nahiri virou Sorin e a pedra em volta para que eles pudessem ver as planícies que se estendiam abaixo da Mansão Markov. Sorin tentou falar, um gorgolejo ininteligível, à medida que Nahiri subia no casulo que ela havia criado. O que quer que ele tinha a dizer era irrelevante. Ela queria que ele a escutasse. Com uma mão pendurada no pináculo da pedra, Nahiri inclinou para que pudesse sussurrar nos ouvidos de Sorin. 'Eu te poupei,' Nahiri disse. 'Uma cortesia devolvida.'
Na distância abaixo de um telhado de uma ninhada nuvens, Emrakul.
E, no momento seguinte, Nahiri transplanou para longe de Innistrad, deixando Sorin para o destino de seu mundo.
(...)
Sorin sentiu um momento antes de escutar -- metal contra pedra, um grande e lento arranhar que movia através de seu sarcófago de cima a baixo.
'Eu acho que gosto mais desse jeito,' veio uma voz rica com zombaria. E então, Olivia desceu na visão para tampar o caos além. Ela estava segurando a espada dele.
'Olivia,' disse Sorin entre dentes trincados, 'me solte.'
'Mesmo que eu pudesse, por quê? Avacyn está morta. Nahiri foi embora. Nossa barganha está completa.' Ela conteu o riso cruelmente. 'Eu chamaria isso de vitória. Tente aproveitar. A Mansão Markov é sua, afinal. Quanto a mim,' ela segurou a espada de Sorin para inspecionar a ponta, 'Eu prefiro mais o som de Olivia, Senhora de Innistrad.'
(...)
Sorin não gostava do jeito que Olivia olhava a ele a medida que ele implorava. Ela era a aranha, e ele a mosca. 'Me escute!' ele tentou novamente. 'que benefício terá tudo isso se amanhã tudo estará acabado?'
'Avacyn está morta. E você,' ela disse, pressionando a ponta de sua própria espada contra o seu queixo, 'você está onde você está. Eu acho relativamente bom.' E tudo que Sorin podia fazer era observar Olivia flutuando além da visão, para que Emrakul e o fim que ela prometia preenchessem sua visão mais uma vez."
Do ponto de vista de Sorin, tudo estava acabado. Planinautas milenares possuem a mania de achar que, se eles não resolveram algo, ninguém mais irá. Assim como Nahiri acreditava que zendikar tinha acabado, Sorin estava péssimo por assistir de camarote (e que camarote!) o fim de seu plano.
Entretanto, outros tinham uma ideia diferente do fim que teria Innistrad. E não estou falando apenas das Sentinelas do Juramento. Também existe...
A última esperança
Momentos antes de Sorin montar sua campanha de vingança, a planinauta Liliana Vess havia visitado a mansão de Olivia para "entregar" o cadáver de um cientista, o qual trabalhava para a vampira, que havia morrido após ser atacado por licantropos-eldrazi na residência Vess. A necromante é levada a uma sala de jantar, onde encontra Sorin e Olivia discutindo os termos do ataque à Nahiri. Após uma conversa cheia de rancor dos dois lados, Liliana se recusa a auxiliar os dois em qualquer operação de vingança, mas decide ir para Thraben, ao notar que, se não o fizer, Innistrad cairia. Ela era a Última Esperança, afinal.
Enquanto isso, chegando em Innistrad, está o grupo das sentinelas. O plano era simples: Nissa se conectaria às linhas de força do plano, Jace desenvolveria um local para aprisionar Emrakul, e Gideon e Chandra cuidariam da guarda. No entanto, o número de abominações vagando por Thraben era muito acima do esperado. As sentinelas lutam bravamente, mas começam a sucumbir.
O perímetro ia se fechando, até que uma multidão de zumbis se aproxima, abrindo caminho para Liliana, numa posição de poder e autoridade, e um sorriso no rosto. Após uma breve discussão (digamos que a Nissa e o Gideon não aprovam muito os métodos de nossa necromante), o grupo de planinautas se organiza para executar o plano. Todos estavam em posições, até que...
Emrakul chega em Thraben, e, com ela, uma onda de pressão mental inimaginável. Os únicos que restaram de pé foram Jace e, surpreendentemente, Liliana. Esta, com a força do Véu Metálico, percebe a fraqueza de seus mais novos "aliados", e decide enfrentar a titã Eldrazi por si própria.
Do lado de Liliana, Jace se encontrava em uma estase mental, na qual estava sendo conjurada uma proteção para os demais sentinelas. E é aí que começa a parte estranha.
Dentro da mente daquele que lê mentes
A forma de defesa que Jace encontrou contra o ataque mental da titã eldrazi foi se "entocar" em sua mente. Como se tivesse entrado em outro mundo, lá dentro de sua mente, ele controlava um corpo próprio. Ele se viu no topo de uma torre, e, acima, no céu, Emrakul ia descendo. Ele começou a descer a torre, e, enquanto o fazia, as paredes da torre se transformaram numa espécie de projeção. Estas continham cenas que os demais planinautas estavam presenciando em suas cabeças.
A Gideon, foi concedida uma visão dele com as Sentinelas em seu plano natal, Theros. Eles estavam diante de Érebo, o deus da morte. Este exigia que Gideon revelasse seu desejo mais profundo. O planinauta branco insistia que era proteger os outros, mas Érebo discordava. E, a cada vez, um dos seus amigos morria nas mãos do deus preto.
A Tamiyo (que também estava junto das Sentinelas em Thraben), uma prisão. Sentada em uma cadeira, tentáculos cresciam e amarravam seus braços, para não escrever, seus olhos, para não ler, e sua boca, para não falar. A história de Tamiyo, bem como sua capacidade de interagir, estava desaparecendo.
A Chandra, uma visão de sua infância. Os soldados que haviam matado seus pais agora a cercavam. Ela ficou com raiva, muita raiva, e queimou. Porém, não só os soldados, mas a si mesma, e ao mundo, tudo estava em chamas. Ela gritou, de dor ou alegria, ou ambos.
A Nissa, seu pior pesadelo: ela havia se tornado uma abominação, algo antinatural, uma cria de Emrakul. Ela começou a falar para Jace algo, mas apenas grunhidos ininteligíveis saíam.
Por fim, depois de descer todos os degraus, Jace achou uma porta. Do outro lado, uma sala branca, e nela, Emeria. A representação angelical de Emrakul, durante a sua estadia em Zendikar. Emeria começa um diálogo calmo com Jace Beleren.
" 'Você é...você é...Emeria? Você é Emrakul?'
'Posso me sentar?' A voz era uma voz feminina. Leve, quase aérea. Jace poderia até dizer que isso o animava, se fosse em outra ocasião. Não nessas ocasiões. No entanto. Jace não podia ver lábios se movendo pelo capuz para produzir a voz, mas parecia como uma voz normal. Mais ou menos.
Jace estava tão ocupado analizando a voz que demorou um momento para que percebesse o que realmente foi perguntado. 'Você está me perguntando?' De todas as surpresas do dia, receber uma pergunta educada não deveria estar em uma posição tão alta. É capaz até de estar em primeiro lugar.
'Essa é sua casa,' uma pausa, 'Jace. Jace Beleren.' À medida que ela disse 'Beleren', as palavras saíram sílaba por sílaba.
Eu estou com muito medo agora. Mas estou também muito curioso. Que justaposição estranha.
'Eu sou só uma visitante aqui. Então, posso me sentar?' Ela ficou de pé, esperando.
O quão mais surreal esse dia pode ficar? Jace estava confiante que ele não queria realmente uma resposta para essa pergunta. Lembre-se do que é importante--não morra. Descubra sua situação. Derrote Emrakul. Esse seria o mantra de Jace. Ele pensou em outra coisa. Convide Emrakul para uma xícara de chá. Ele riu, e seu sorriso ficou evidente em seu rosto. 'Claro, sente-se, por favor.' Jace gesticulou respeitosamente em direção à uma mesa de pedra.--Não. Eu não devo assumir que sei o que está acontecendo. O anjo sentou-se na mesa.
Jace limpou a garganta. 'Bem, já que estamos...você sabe, conversando. Quem você é exatamente? O que é esse lugar? O que está acontecendo?'
'Tudo acaba. Tudo morre. Integridade está sempre atrás de nós. O tempo aponta apenas para um caminho.' Havia ecos dos pensamentos de Nissa, em sua visão anterior, mas Jace não entendia mais, vindo do anjo. Ela não olhou para cima, equanto escrevia, o seu capuz obscurecendo qualquer voz que proferisse essas palavras estranhas.
'Você é Emrakul?' Jace não sabia o que ele estava arriscando, e estava se importando cada vez menos. Cuidado é para aqueles com uma mão vitoriosa. 'O que você quer?'
Ela pausou a escrita, analisando o pergaminho que estava em suas mãos desde que sentou na mesa. 'Isso está errado. Eu estou incompleta, vazia, rudimentar. Deveria haver um desabrochar, não um ressentimento barroso. O solo não foi receptivo. Não é a minha hora. Não ainda.' A maneira com a qual ela disse, ainda, mandou um calafrio pelo pescoço de Jace. Ela continuou sua escrita, adicionando mais tinta à sua pena.
'Você joga xadrez?' A voz continuou, como se Jace estivesse falando insignificâncias, assim como ela. Jace estava tentado a gritar de novo, mas não pensou que seria de muito uso. Além disso, ele era bom em xadrez.
'Você jogaria comigo?' Ela parou de escrever e enrolou o pergaminho.
'Eu não tenho certeza se tenho tempo...'
'Se você ganhar, tudo isso para. Eu te darei todas as respostas que você quiser.' Ela escondeu o pergaminho em suas costas.
Jace pensou em uma armadilha, mas ele era realmente bom em xadrez. 'E se você vencer?'
'Eu já estou ganhando, Jace Beleren. Vamos jogar um jogo.'
Por mais estranho e surreal que esse diálogo possa ter parecido, ele prossegue, com Jace jogando a partida de xadrez. sem respostas conclusivas, ele ganha a partida. O anjo, então, faz um pequeno movimento com as mãos, e as peças do tabuleiro ganham vida. elas começam a se matar, sangue derramando de pequenos peões e cavalos feitos de pedra. Logo, as que sobram vão em direção ao rei de Jace, que adota uma aparência idêntica ao do mago azul.
Jace protesta, dizendo que isso não é justo, e o anjo rebate, dizendo
"Eles são todos minhas peças, Jace Beleren. Eles sempre foram. Eu simplesmente não quero mais jogar'. Com isso, a imagem do anjo se desfaz em fumaça roxa, Jace é levado, então, para uma outra sala, na qual um "clone" seu conversa com ele e o alerta que Liliana está morrendo. Jace precisava acordar e acordar as Sentinelas também.
O poder do Véu era imenso, quase grande demais para Liliana utilizar. Quase. Ela soltava rajadas de magia de morte na direção de Emrakul, que devolvia com seus tentáculos. Toda vez que um tentáculo caía, outro surgia. E, lentamente, Liliana ia perdendo espaço. O Véu Metálico também estava começando a cobrar o seu preço, e o sangue da necromante estava se espalhando no chão. Ela chega a olhar para o grupo de Jace, dizendo,
"Jace! É melhor você estar fazendo algo de útil". Com isso, o mago mental acorda.
Os zumbis de Liliana estavam começando a cair, mas justamente na hora, Gideon e Chandra acordam do estase mental, entrando no combate novamente. Liliana estava esgotada, e Jace e Tamiyo estavam desesperados para encontrar uma solução.
Acontece que a solução estava em baixo de seus narizes...ou em cima. Segundo Avacyn, em sua luta contra Sorin, em Innistrad,
O que não pode ser destruído deve ser preso. E, apesar da Câmara Infernal já ter sido destruída, a fonte dela ainda estava de pé: A lua. O plano havia ficado claro: juntar energia e prender Emrakul à lua.
O plano entrou em ação. Nissa havia apenas conseguido se conectar a três linhas de força de Innistrad, no entanto, e essas linhas de força machucavam Nissa, fazendo seus braços sangrarem. Mas era necessário, e por isso Nissa aguentou. Tamiyo pegou um pergaminho de sua bolsa, e traçou a magia de prisão, enquanto Jace conectava os dois extremos, Emrakul e a Lua. Tudo parecia encaminhado, e Jace se mantinha conectado mentalmente com as outras duas Planinautas.
A ideia foi boa, mas a execução encontrou um problema fundamental: a falta de energia. Nissa sofreu tanta dor ao alcançar as linhas de força que desmaiou, parando o fornecimento. Jace estava desesperado, uma vez que aquela era a única chance. De repente, Tamiyo se desconecta mentalmente de Jace, puxa um dos pergaminhos de sua bolsa de pergaminhos probidos - desta vez era o mesmo que Emeria estava escrevendo durante a conversa com Jace em sua mente - e conjura uma mágica que dá um surto de energia ao grupo. Com isso, Emrakul estava sendo presa na lua. A imagem da titã Eldrazi foi diminuindo, até que restou-se apenas o satélite no céu, com a clássica marca das linhas de força de um plano.
E assim, a ameaça de Emrakul havia sido contida. Será?
" Jace estava exausto. Este havia sido o dia mais longo de sua vida, e tudo que ele queria era dormir. Um sono livre de sonhos ou qualquer pensamento.
Mas havia alguém que ele precisava falar antes.
Ele a achou nas periferias de Thraben, sentada nas ruínas de uma pequena igreja. Havia menos prédios de Thraben de pé, e esta igreja não havia sido poupada.
Ela só estava sentada ali, suas pernas cruzadas, seus olhos fechados. Jace achou estranho interromper um momento tão particular. Mas ele precisava saber.
'Tamiyo...? Você está...eu posso...?' Jace não sabia como perguntar a dúvida dele. Tamiyo abriu seus olhos, seu rosto ainda doentio e cheio do horror que ela havia demonstrado desde que eles haviam terminado de conjurar a magia.
' O que aconteceu lá, Tamiyo? Você estava lá, conectada mentalmente comigo, e depois... você não estava mais. Você desapareceu. O que aconteceu com você?'
Tamiyo começou a chorar, sentada. Lágrimas caíram de seus olhos, uma, depois outra. Plip-plip, à medida que elas caíam no chão de pedra.
Suas palavras chegaram intensas, alarmantes. 'Nissa havia caído. A magia estava em perigo de se quebrar. Eu não sabia o que fazer, como ajudar.'
Jace estava surpreso. 'Então Nissa gerou o poder todo por ela mesma: Impressionante. Eu achei que tinha sido você, com o segundo pergaminho.'
Tamiyo olhou pra ele, tristeza e desprezo em ambos os olhos. 'Não, você não entende. Fui eu. Com o segundo pergaminho. É daí que a energia veio.'
'Mas isso é maravilhoso! Você nos salvou! Você salvou toda Innistrad, toda... tudo! Você está triste porque foi um dos pergaminhos de ferro? Um dos pergaminhos que você não queria abrir?
'Só cale a boca, Jace! Escute, apenas escute. Não fui eu. Aquilo...ela...me possuiu. Você entende? Não fui eu! Eu estava lá, em meu próprio corpo, sem forças quando ela veio e me possuiu. Meus olhos, minhas mãos, minha voz...ela possui a tudo. Elas não eram minhas mais.' O choro se tornou um soluçar.
Uma voz recorreu a Jace, a voz dela à medida que Jace via suas peças de xadrez morrendo. Eles são todos minhas peças, Jace Beleren. Eles sempre foram. Eu simplesmente não quero mais brincar.
'Eu...eu sinto muito, Tamiyo. Eu não sabia...'
'Mas essa não foi a pior parte. O pergaminho que eu abri. O segundo. Você estava certo. Eu não deveria abri-lo. Uma promessa feita há muito tempo, a qual um dia eu terei que pagar. Mas a magia que ela leu... não era a magia a original. O pergaminho que ela usou, conjurou uma magia diferente.
Emeria. 'De algum lugar, uma pena mágica havia aparecido, e ela começou a escrever no pergaminho, enquanto sentada na mesa que Jace lhe oferecera'. Jace começou a tremer.
O pergaminho havia sido mudado. Como ela fez isso? Como ela pôde fazer isso?' A voz de Tamiyo estava perto do pânico. 'Esse monstro tomou conta do meu corpo e leu um pergaminho, um pergaminho que deveria ter trazido devastação a tudo nesse plano...ao invés disso forneceu poder a uma magia que a aprisionou aqui. Como isso aconteceu, Jace? Por que isso aconteceu? O que nós acabamos de fazer?
'Eu...eu não sei.' Jace não tinha mais palavras. nem pra ela, nem pra ele mesmo.
Tamiyo respirou fundo. 'Eu disse a você antes, Jace. Às vezes nossas histórias devem chegar ao fim. Ainda assim, estamos aqui, cada um buscando prolongar nossa história, não importa o custo. Mas e se todas as histórias são apenas a história dela, tudo em serviço de algum destino terrível que ainda vai se desenrolar? Tamiyo olhou para a lua.
'Será que nós realmente ganhamos?' A voz de Tamyio não era mais temerosa, mas queixosa. jace não tinha resposta. Eventualmente ela subiu no céu escuro, e voou para longe. Não houve um adeus.
Jace sentou por mais tempo ali. Ele olhou de novo para a lua em seu brilho prateado, o glifo ainda brilhantemente inscrito em sua superfície, um testamento do sucesso obtido pelas Sentinelas. Nas profundezas daquela lua estava a força mais poderosa e destrutiva que qualquer outra que eles sequer havia encontrado. As palavras do anjo perfuraram sua cabeça, adagas de um destino incompreendido. 'Isso está errado. Eu estou incompleta, vazia, rudimentar. Deveria haver um desabrochar, não um ressentimento barroso. O solo não foi receptivo. Não é a minha hora. Não ainda.'
A espinha de Jace estava gelada. 'Não é a minha hora. Não ainda.' Ele retirou sua visão da lua, e saiu em busca de uma cama segura para achar um esquecimento momentâneo. "
E esse é o último registro (e capítulo!) da série de histórias de Sombras em Innistrad! Espero que tenham gostado, e deixem seu comentário a respeito do que acharam desse fim não tão conclusivo!
Augusto Penna