segunda-feira, 1 de agosto de 2016

A Litomante, O Vampiro e a Vingança

Innistrad. Quando visto pela primeira vez, era um plano cheio de clássicos horrores ocidentais. Vampiros, lobisomens, fantasmas - daqueles que não conseguiram resolver seus laços neste mundo -, insetos gigantescos, cientistas loucos e uma dose enorme de necromancia. Os humanos, guiados pela única resistência de Avacyn, o arcanjo da esperança, lutavam pela sobrevivência do corpo e da mente, nesse plano onde "a luz só existe para poder projetar as sombras" (citação da planeswalker de mana preto favorita de todos, Liliana Vess). Não poderia ficar pior, né?...né?

Poderia.

E ficou.

O início das Sombras...

Uma breve explicação para quem não está antenado com os Eldrazi ou o plano de Zendikar. Se você já sabe, pode ir para a próxima seção, e pular direto para a história em Innistrad!

A maioria dos jogadores que está imerso nas novas cartas de Sombras em Innistrad e Lua Arcana está ciente do problema titânico que são os Eldrazi. Num breve resumo, os Eldrazi são criaturas de origem, objetivo e composição (eca!) desconhecida. Sua intenção, no entanto, é bem óbvia: consumir tudo e todos à frente. 

Planos inteiros foram devastados com a passagem dessas entidades, que possuem três representantes de nosso conhecimento: Ulamog, Kozilek e Emrakul. Esses daí são mais antigos que qualquer outra coisa já vista (mais antigos que pessoas como Sorin, Nicol Bolas ou até mesmo Urza! ps: se você não sabe quem são esses, não se preocupem, na hora certa estes serão explicados). Há um bom tempo, os Planinautas lutam para impedir que os planos sejam consumidos até virar pó por essas monstruosidades.
Ulamog, Emrakul e Kozilek, respectivamente.
Em um dado momento, três Planinautas conseguiram bolar uma forma de deter essas criaturas. São eles: Ugin, um dragão espirutual, transcendente em sua forma, que possui um vasto conhecimento e que se preocupa com o que os eldrazis e suas ações representam; Nahiri, uma jovem e prodigiosa Litomante, emotiva e preocupada com o bem estar de seu plano natal, Zendikar; e Sorin Markov, um vampiro milenar, poderoso e egoísta, que se envolveu no esquema de captura dos eldrazi para que, futuramente, seu plano, Innistrad, não fosse atacado pelos titãs.

Sorin auxiliou no treinamento de controle de poderes que Nahiri estava fazendo, e esta passa a considerá-lo um amigo. Com a engenhosidade de Nahiri, que construiu estruturas geométricas (chamadas de edros) que se conectam ao plano de Zendikar, o trio consegue aprisionar os três titãs. Por fim, os Planeswalkers selam um contrato para que sempre viessem ao auxílio de Nahiri, que seria a vigia da prisão dos eldrazi em Zendikar.



Tudo correria bem, se os três se juntassem sempre que necessário, mas...

O prelúdio da tragédia

Cinco mil anos após esse ocorrido (sim, o trio de planeswalkers é imortal para efeitos de idade), Muitas gerações já nasceram e morreram em Zendikar, e os Eldrazi se perderam em mitos e histórias, transfigurando-se nos deuses Ula (Ulamog), Cosi (Kozilek), Emeria (Emrakul).

Um culto de vampiros estava utilizando um dos edros como um altar cerimonial para Ulamog, e isso danificou o dispositivo, "relaxando" as amarras dos Eldrazi. Nahiri acordou de seu sono de vigia, e chamou os outros dois Planinautas para auxiliar no reparo do edro.

Mas eles não vieram.

Ugin, o dragão, não pôde atender ao chamado, pois havia se envolvido em uma luta com outro dragão Planinauta, Nicol Bolas. Este o matou no plano de Tarkir. Com algumas reviravoltas envolvendo uma viagem ao passado, o Planinauta Sarkhan Vol conseguiu salvá-lo a tempo, mas mesmo assim o dragão espírito ficou se recuperando, resultando em seu desfalque.

Sorin também não apareceu. O motivo? Nahiri não sabia. Mas, diferentemente de Ugin, o paradeiro do vampiro importava à litomante, que, após resolver a situação em Zendikar, resolveu ir para o plano natal de Sorin em busca de respostas.

E é aí que nós entramos nos "dias de hoje"!

Promessas Quebradas, Vinganças Forjadas.

Nahiri foi para Innistrad para saber o que aconteceu com Sorin, Talvez ele não tivesse aparecido por estar em perigo, ou algo do gênero. Nahiri precisava saber. Quando chegou no plano, em um precipício que dava diretamente para o mar, a litomante encontrou uma estranha construção de prata, que repelia seus poderes. Logo em seguida, viu Sorin, seu antigo mestre e amigo. Ela questionou o vampiro a respeito de seu paradeiro na época do chamado de ajuda, e ele respondeu, calmamente, que não tinha ido a lugar nenhum. 

" 'Você nunca veio', ela disse. 'Em Zendikar, quando eu ativei o chamado no Olho de Ugin, você nunca respondeu. Eu temi que-

Sorin recuou, esmorecendo.

'Os Eldrazi se soltaram da prisão?'

'Sim, eles se soltaram.'

'Onde está Ugin?', ele perguntou.

'Ele não veito também.' ela disse, tentando impedir que sua voz demonstrasse sua amargura. 'Mas eu cuidei da situação. Sozinha. Com toda a força que eu pude reunir, eu recuperei a prisão dos titãs.'

De repente, veio a ideia de que ela era bem mais velha do que quando Sorin a encontrou. Em sua memória, o seu mentor, mil anos mais velho, se projetava acima dela. Agora, que diferença Mil anos a mais ou a menos fazia? Eles eram iguais, no mínimo.

Aqui você está. A alegria de vê-lo desapareceu. Ela ficou preocupada, tão preocupada -- que algo que tivesse acontecido com ele, ou que ele tivesse entrado em um sono milenar, assim como ela. Ela veio encontrá-lo, para salvá-lo -- mas ele não estava, evidentemente, necessitado de salvação.

'Então, onde você estava?' ela perguntou. 'Sorin, por que você não atendeu ao chamado?'

'Ele nunca chegou a mim', ele disse."

(Texto retirado e traduzido do site de histórias oficial da wizards)

E, de fato, a mensagem não chegou a Sorin. A Câmara Infernal, a construção de prata de autoria do vampiro, criava um escudo mágico em volta de Innistrad, de forma que a mensagem não pudesse passar a barreira. E isso não seria motivo de raiva, exceto pelo fato de que, mesmo sabendo da emergência dos Eldrazi, Sorin não se interessou pela causa, nem se importou com qualquer esforço que Nahiri havia feito. Nahiri insistiu para que Sorin viesse a Zendikar, mas sem sucesso. A alegria foi dando lugar à raiva, até que o estopim da litomante chegou ao fim. Ela estourou, e atacou Sorin em um misto de fúria e desapontamento. 

Sorin estava relativamente fraco por ter criado suas duas proteções de Innistrad. O resultado da batalha se mostrava favorável a Nahiri, até que a segunda criação do vampiro chega ao local: Avacyn, o arcanjo da esperança. O arcanjo e a Litomante lutam, e a vantagem novamente cai sobre as mãos de Nahiri. Sorin intervém, interrompendo o combate. Com uma magia rápida, ele utiliza de um recurso desesperado: prender Nahiri na Câmara Infernal.


Se alguma afeição, alegria ou esperança restava no coração de Nahiri até aquele momento, desapareceu assim que ela percebeu que estava presa na câmara. Esta era dotada de uma propriedade única: ela desconectava seus prisioneiros das Eternidades Cegas, os espaços entre os planos os quais os Planinautas atravessam. E ali Nahiri ficou, por mais de novecentos e noventa anos. Lá ela reconstruiu mentalmente as lembranças de sua amada Zendikar, e também arquitetou sua vingança contra Sorin, caso ela se livrasse daquela prisão. 

E, acredite, ela se livrou! 

Não por mérito próprio, mas, como uma curiosidade do destino. Avacyn ficou presa na Câmara Infernal, assim como diversos outros demônios que foram jogados durante o tempo em que Nahiri estava lá. Esses acontecimentos deram origem à linha de história do antigo bloco de Innistrad: Innistrad, Ascenção das trevas e Avacyn Restaurada. Em Avacyn Restaurada, a Câmara Infernal é destruída por Thalia, a Guardiã de Thraben, com o auxílio (e sugestão) de Liliana Vess.


Com isso, Avacyn estava livre, assim como Griselbrand (um dos demônios mais fortes de Innistrad) e... Nahiri..

Com raiva, sede de vingança e tudo mais.

Ela retorna ao plano de Zendikar, onde os acontecimentos da coleção Batalha por Zendikar ainda estão em vigor: Ulamog está à solta, devorando o plano, e destruindo continentes e locais importantes como o Portão Marinho, Bala Ged e Akoum. 

Chegando em Bala Ged, ela vê a destruição e conclui que Zendikar está condenada à morte pela mão dos Eldrazi, sem conhecimento nenhum do intrépido grupo de Planinautas (Jace, Chandra, Nissa e Gideon) que estaria prestes a fazer uma resistência final e desesperada no plano. 

Com a mão carregando a poeira de seu plano natal, Nahiri forja, em sangue e ódio, uma promessa de consequências catastróficas:

"Nahiri caiu de joelhos, pressionando suas mãos na poeira sem vida.

Se Isso estava à solta em seu mundo--

Se o que aconteceu aqui poderia acontecer em todos os lugares--

Se ela não tinha preparativos, nem um pequeno fragmento de seu poder antigo, e uma rede de edros há séculos sem--

Então a Zendikar que ela conhecia estava morta. Não haveria salvação. Alguém poderia muito bem tentar realizar o equivalente a parar o sol no céu. Ela fechou os olhos e viu Zendikar, Zendikar como tinha sido. O mundo que ela havia deixado Sorin Markov destruir. Lágrimas quentes de raiva correram em seus olhos e caíram naquele pó terrível com um chiado.

'Como Zendikar sangrou, também irá Innistrad.'

Ela abriu seus olhos e observou suas mãos, as mãos que haviam moldado a pedra e aprisionado os titãs. Elas estavam cobertas em pó cinza.

'Como eu chorei, também irá Sorin.'

Ela olhou para o horizonte e viu aquela coisa, movendo-se através da paisagem como um disastre natural.

'Isso eu juro, sob as cinzas de meu mundo'

Nahiri se levantou.

Ela tinha um grande trabalho a fazer."

(Texto retirado e traduzido do site de histórias oficial da wizards)

E, com isso, termino a introdução da tragédia dos acontecimentos de Sombras em Innistrad e Lua Arcana. A vingança de Nahiri, a resposta de Sorin, e a atuação das quatro sentinelas do Juramento das Sentinelas será explicada e narrada no próximo episódio desse artigo. Espero que vocês tenham entendido e se situado bem na história do segundo bloco de Innistrad! Digitem nos comentários o que mais quiserem saber a respeito desse bloco, seus mistérios e reviravoltas!

Augusto Penna










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