quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Pro Tour dos Brasileiros

O Pro Tour Revolta de Éter aconteceu na semana passada em Dublin, Irlanda, onde 425 jogadores batalharam pelo título de campeão. E que PT foi esse para os brasileiros! As equipes latinas, reunidas sob as asas do nosso membro do Hall da Fama Willy Edel, botaram para quebrar, e o PVDDR também não se deixou ser esquecido. Mas, antes de chegarmos a esta parte, vamos ver alguns números do evento.

Começando com o deck que foi a sensação já desde os spoilers. É claro que estou falando do Copy Cat Combo, ou Splinter Twin do Standard. O combo era tão assustador que alguns até mesmo pediram um banimento preventivo, que não aconteceu. Há muitas, muitas mesmo, formas de se construir um combo com o Guardião Felidar, mas as duas que se sobressaíram esse final de semana, e também nas semanas que antecediam o PT, foram as versões Jeskai Saheeli e Four-Color Copy Cat. Juntando essas duas construções o combo teve 97 jogadores, cerca de 22,8% do campo, se firmando como uma das estratégias mais jogadas.

O Jeskai Saheeli começou com 72 jogadores e converteu apenas 36% deles para o Dia 2, uma marca horrível, 25% abaixo da média do campeonato. No Dia 2 o deck não foi muito melhor, dos 26 que prosseguiram, apenas 2  de seus jogadores conseguiram 7 ou mais vitórias (21+ pontos) e apenas um conseguiu 8 ou mais (24+ pontos). O Four-Color Copy Cat se saiu um pouco melhor, convertendo 56% de seus 25 jogadores para o Dia 2, mas ficou abaixo do esperado nos 21+ pontos, com 2 jogadores, e nenhum nos 24+ pontos. Por não ter uma construção específica dominante a versão Four-Color é a melhor quando se trata de seguir o caminho do Copy Cat, ainda há muito espaço para melhorar e evoluir. Quanto à Jeskai é melhor deixar mesmo de lado, já que o deck tem uma matchup péssima contra o Mardu Veículos.

No arquétipo GB Aggro tivemos dois decks expressivos, o GB Constrictor, construído em torno da Constritora Sinuosa, e o GB Delirium, construído em torno da já conhecida mecânica, totalizando também 97 jogadores, 66 e 31 respectivamente. Os dois decks foram muito parecidos em termos de Metagame, com taxas de conversão boas, 68,2 para o primeiro, 74,2 para o segundo, e resultados sólidos tanto em resultados de alto nível quanto nos médios. Os decks também são muito parecidos em suas listas, mais ou menos 10 cartas de diferença, e, pelos números deste campeonato, não importa muito qual delas você escolhe.

O terceiro arquétipo a se citar é o controle que, com os decks UR Control, Grixis Control e Jeskai Control, teve 42 jogadores. Juntos os decks apresentaram uma taxa de conversão de cerca de 54% para o arquétipo. Todos eles também compartilharam um Dia 2 totalmente esquecível. A versão Grixis teve a pior performance em todo o PT com apenas um único jogador chegando ao número de 6 vitórias, e não passando disso. O Jeskai, que entre eles teve a melhor taxa de conversão, 69,2%, teve apenas 3 jogadores com 18+ pontos e nenhum com 21+ ou 24+. O UR foi o que de fato se saiu melhor, mas se manteve em cima da média com três performances 18+ e duas 21+. Com base nestes resultados é possível dizer que o controle é um arquétipo morto neste Standard, pelo menos nas próximas semanas.

E por último, mas com certeza não menos importante temos o deck que ganhou tudo no fim de semana, o Mardu Veículos. Para começar podemos dizer sem nenhum exagero que o deck obteve a melhor performance de um deck desde a era mítica do Magic. Poucos anos atrás, no PT Origens o grande deck foi o UR Ensoul Artifact, com uma performance dita no nível de Caw Blade. No entanto o deck começou o campeonato com 33 jogadores, alguns deles os melhores do mundo, número expressivo, mas que nem se compara ao 96 jogadores que fim de semana passado pilotaram o Mardu Veículos. Pelos números apresentados, neste fim de semana nós presenciamos um nível de dominância em PT quase nunca visto antes.

O deck converteu incríveis 75,8% de seus jogadores, 72, para o Dia 2 e fez muito mais. Conseguiu que quase 45% dos jogadores que pilotaram o deck tivessem uma performance de no mínimo 18 pontos, o que é absurdo. Nas performances de alto nível o deck também deu um show, com 29 jogadores com 7 ou mais vitórias e 17 com 8 ou mais. Todo esse domínio culminou em ocupar 75% do Top 8 do campeonato e não por acaso esse era o deck pilotado por Lucas Esper Berthoud.

As equipes DEX Army e Liga Magic com uniformes homenageando a Chapecoense.
Para este evento a América Latina foi representada por três equipes, DEX Army, Ligamagic e DEXThird. A primeira com nomes grandes e conhecidos, como o já citado Wlly Edel, Carlos Romão, ou Jabaiano, e o português Márcio Carvalho, com os quais os outros  membros das equipes tinham a chance de testar, aprender e se provar no campo profissional.

O Lucas Berthoud é um jogador brasileiro de longa data, campeão nacional em 2007, que estava competindo em seu sexto PT. E foi neste sexto PT que ele viu seu nome subir à elite do Magic nos três dias de competição, mostrando sua evolução como jogador, mantendo a calma por partidas e jogadas difíceis que o levaram à vaga no Top 8 como 2º colocado, com recorde 13-3.

Também se classificaram para o Top 8 Márcio Carvalho, em primeiro lugar,  com recorde 13-2-1 e Paulo Vitor Damo da Rosa com a oitava e última vaga. Importante notar que com essa classificação, a 11ª de sua carreira o PVDDR voltou a ser o jogador com  maior taxa de conversão para Top 8 em PT com no mínimo 20 PTs jogados, superando grandes nomes do Magic, como Jon Finkel.

Como se classificou em 8º PVDDR foi para a primeira fase de quartas de final contra o Tcheco Jan Ksandr, uma batalha entre Mardu Veículos e GB Delirium, que o brasileiro ganhou por 3-2. Na segunda fase de quartas de final o brasileiro enfrentou o estadunidense Donald Smith numa partida mirror, que é a norma daqui para frente, e foi derrotado por 3-2.

O mesmo Donald Smith enfrentou Márcio Carvalho na fase semi-final e do outro lado da chave Lucas Berthoud enfrentava o canadense Eduardo Sajgalik, totalizando quatro Mardu Veículos se enfrentando na semi-final. Márcio Carvalho ganhou sua partida por 3-1 e Berthoud venceu por 3-2, o que significava uma final entre amigos, parceiros de teste e integrantes das equipes DEX. Lucas começou rapidamente ganhando duas partidas em seguidas, se colocando em uma posição confortável para ganhar o título, porém Márcio não se deu por vencido, ganhando as duas próximas partidas e empatando a disputa. No quinto jogo Lucas tinha Motorista Veterano no segundo turno, Coração de Kiran no terceiro, Desintegração Ilícita no quarto e Gideon, Aliado de Zendikar no quinto. Márcio conseguiu se livrar do veículo e do planinauta e colocou em campo seu próprio veículo, Soberana Celeste, Capitânia do Cônsul. Não durou muito, no entanto, pois Lucas deu conta disso com Soltar os Gremlins e pouco depois conseguiu a vitória que o sagrou campeão do Pro Tour Revolta de Éter.

Lucas Berthoud com sua taça de campeão
Quanto às cartas a grande campeã foi o veículo Coração de Kiran, estrela do melhor deck do atual  formato mostrou que pode substituir o finado Cóptero do Contrabandista sem problemas e sem que o Mardu Veículos caia de performance, como vimos neste campeonato. Embora muitos perdedores possam ser encontrados, o que mais se destaca é mesmo o Guardião Felidar, que, embora tenha assustado muito, não conseguiu ir bem no campeonato e mostrou que era injustificado o pedido de ban preventivo. Realmente decepcionante.

Quanto ao Pro Tour Team Series a equipe DEXThird, do Lucas Berthoud, ocupa atualmente a 4ª posição no ranking com 43 pontos e a DEX Army, de Márcio Carvalho está pouco atrás, em 6º, com 39 pontos. A equipe ChannelFireball Ice, do PVDDR, está na 8ª com 37 pontos e a outra equipe latina, Ligamagic, na 27ª posição com 20 pontos.

E isso finaliza os acontecimentos do Pro Tour Aether Revolt. Gostou das classificações dos brasileiros? O que acha do Mardu Veículos? Foi um bom começo para o Pro Tour Team Series? Sinta-se livre para usar nossa seção de comentários. Você também pode nos alcançar na página, email (artesaosdomagic@gmail.com) ou twitter (@artesaosdomagic). Obrigado pela leitura.

Thiago Santos

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Pro Tour Team Series Explicado

Com o passar dos anos as equipes se tornaram algo cada vez mais comum e importante no cenário do Magic competitivo, principalmente no que se trata de Pro Tour, afinal de contas, tendo em vista o objetivo de quebrar um formato com o melhor deck possível, trabalhar em equipe torna a tarefa muito mais próxima da realidade. No entanto, a composição das equipes era algo que sempre mudava de campeonato para campeonato, sempre muito fluida. Então, com o objetivo de incentivar os profissionais do Magic a formarem equipes estáveis e de alto nível para as competições, além de introduzir mais um elemento para o qual o fã de Magic pode torcer, foi criado o Pro Tour Team Series.

O lançamento deste novo evento só acontece oficialmente com o início da temporada 2017-2018, no Pro Tour Albuquerque 2017, porém, como um teste para captar a recepção dos jogadores e dos espectadores para o novo evento, um soft launch (pré-lançamento para um público reduzido) foi agendado para esta temporada 2016-2017 com início justamente no Pro Tour Revolta de Éter. Sabendo disso vamos para como a competição funciona propriamente.

Cada equipe precisa conter seis jogadores, um número que permite que regiões menores no Magic, como a Ásia e a América Latina, participarem, sendo um designado como o capitão da equipe, que será a ligação entre a Wizards e os outros integrantes. É importante notar que cada jogador é responsável por sua elegibilidade para competir em cada PT e que ele não é automaticamente convidado para o PT de estréia de sua equipe. Além disso, vale salientar que, uma vez inscrito em uma equipe, um jogador não poderá se juntar a uma outra equipe pelo resto da temporada e substituições no elenco das equipes estão sujeitas a aprovação da Wizards.

Para fazer o registro de sua equipe no Pro Tour Team Series o capitão da equipe precisa enviar sua inscrição com o elenco (nomes e DCIs), nome e logo da equipe até uma data especificada que antecede o primeiro ou o segundo Pro Tour da temporada. Obviamente equipes inscritas no segundo PT não pontuam no primeiro. Os jogadores precisam estar devidamente uniformizados nas competições com o logo de suas equipes bem visível na frente de cada uniforme (para o soft launch a política de uniformes foi flexibilizada para o PTAER).

Com sua equipe devidamente registrada e uniformizada, é hora de competir. Quanto às partidas jogadas, elas ocorrem como em um PT normal, com cada jogador individualmente competindo pelo título de Campeão do Pro Tour de cada edição. Somente ao final de cada evento, de 1 a 3 dias depois, é que a pontuação de cada equipe é atualizada na tabela de classificação que ficará disponível no site oficial da Wizards.

A pontuação será contada da seguinte forma:
  • Para o soft launch: nos dois primeiros PTs, Revolta de Éter e Amonkhet, serão somadas as pontuações em Pro Points dos cinco melhores jogadores de cada equipe, um pedido dos jogadores, já algum membro da equipe pode deixar de se classificar para um Pro Tour. Ao fim do PT Amonkhet os membros das 4 melhores equipes serão automaticamente convidados para participar do último PT da temporada, PT Hour of Devastation, no qual a pontuação dos seis jogadores será contada para a equipe. Ao final, os membros das Top 4 equipes recebem convite para o PT seguinte, PT Albuquerque, e as duas melhores equipes serão convidadas para o Mundial de Magic: the Gathering 2017 onde disputarão num mata-mata o título de Melhor Equipe da Temporada e prêmios.
Premiações para o soft launch.
  • Para a temporada 2017-2018 e seguintes: nos três primeiros Pro Tours serão somadas as pontuações em Pro Points dos cinco melhores jogadores de cada equipe. Ao fim do terceiro PT os membros das 8 melhores equipes serão automaticamente convidados para participar do último PT da temporada, no qual a pontuação dos seis jogadores será contada para a equipe. Ao final, os membros das Top 8 equipes recebem convite para o PT seguinte e as duas melhores equipes serão convidadas para o Mundial de Magic: the Gathering 2018 onde disputarão num mata-mata o título de Melhor Equipe da Temporada e prêmios.
Premiação padrão para o Pro Tour Team Series.
Para o Pro Tour Team Series 2016-2017, como você pode ter visto na nossa página, 32 equipes serão representadas, das quais quatro contém integrantes brasileiros, entre eles os membros do Hall da Fama Paulo Vitor Damo da Rosa e Willy Edel, e o nosso campeão Jabaiano, além de outros nomes que despontam no nosso cenário atual.


E como sempre, se você, não se classificou para o PT e não faz parte de nenhuma equipe, pode acompanhar tudo e torcer para seus jogadores e equipes o que acontece no evento através das transmissões ao vivo da Wizards pelo Twitch e Youtube. Além disso você pode checar a nossa página e sites como a SCG, o Channel Fireball e o MTGGoldifish por novidades.

Há muito para se esperar sobre o Pro Tour Team Series neste e nos próximos PTs. Você gostou desta nova iniciativa da Wizards com equipes? Qual sua equipe favorita? Restou alguma dúvida? Sinta-se livre para usar nossa seção de comentários. Você também pode nos alcançar na página, email (artesaosdomagic@gmail.com) ou twitter (@artesaosdomagic). Obrigado pela leitura.

Thiago Santos